quinta-feira, 13 de novembro de 2014

ZACARIAS



ZACARIAS
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de novembro de 2014.
Crônica Nº 1.303

Zacarias morava num subúrbio de Santana com algumas pessoas da família. Na época, a margem direita do Ipanema era pouco habitada. E na subida da colina que dá para a serra Aguda, havia um pequeno patamar de barro vermelho. Era ali a morada do carregador número 1. Algumas poucas residências de taipa abrigavam um grupo de negros naquele terreno. Daí a denominação: Alto dos Negros. O termo foi definitivamente incorporado às regiões do bairro e é assim conhecido o lugar. Foi esse minúsculo aglomerado negro da zona urbana que ficou conhecido.
Cajarana fica vizinha ao Alto dos Negros. Pela própria expansão da cidade, novos terrenos foram ocupados e uma mistura de branco e negros crioulos da própria miscigenação daqueles altos, foram ocupando a Cajarana. Termos engraçados surgiram há muito tempo na margem direita do rio Ipanema, todos habitados por pessoas humildes da época: Galo Assanhado e Cachimbo Eterno, que ainda continuam no cotidiano de Santana. E, interessante, é que os moradores dessas comunidades, sempre apontaram as outras com desdém e ironias. Ninguém desejava ser da outra comunidade. Mas o nome Alto dos Negros que antes era pejorativo passou a ser simpático e, não deixa de ser uma homenagem à família do carregador número 1. O isolamento do grupo arredio deixou de expandir a negritude no espaço. Mas, de onde teria vindo Zacarias e seus familiares? Tudo indica ter sido da Tapera do Jorge. Estava ali, Zacarias, o carregador número 1, cidadão urbano sim senhor.
* EXTRAÍDO DO LIVRO; NEGROS EM SANTANA.


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