O CANTO DO GALO
Clerisvaldo B. Chagas, 06 de janeiro de 2015
Crônica Nº 1.339
Foto: (Wikipédia) |
Acordo madrugada e ouço o cantar do Gallus gallus, o macho da galinha. Tenho
simpatia pelo rei dos terreiros e o cavalo, os animais representantes da
elegância no mundo. Sei perfeitamente que o galo é territorialista. Cercado de
mulheres, digo, de galinhas por todos os lados leva boa vida e desembaraçada.
Esses animais cantam de madrugada, entre três e
cinco horas, para demarcar território. O canto pelo dia é de imposição contra
seus semelhantes e, o do amanhecer é para afastar seus desafiantes e prevenir
as madamas de penas que continua vivo, firme e forte.
Quando o danado ouve o canto de algum rival às
pequenas ou grandes distâncias, canta também como quem diz: “Eu estou por aqui”. Isso vai formando
um círculo de cantos que envolvem os galos ouvintes dos arredores.
Cada sertanejo, principalmente, define o canto do
galo ao seu modo, tanto pela noite quanto pelo dia. O seu cantar saudoso nos
quintais das cidades, lembra a vida da fazenda, da roça, das paisagens
bucólicas do campo. Mas o galo não abre à garganta somente para suas fêmeas e
possíveis adversários. É um profeta do bem que anuncia o novo dia, a luz da
esperança nos corações angustiados. As noites, representadas como fases
difíceis dos seres humanos que esquecem à bondade divina, têm nesse pequeno animal
a lembrança da fé esquecida, que abraça que alumia e cura.
O canto do galo é saudoso, belo e harmônico. Dentro
do seu modo de ser é valente e poético. Enquanto os patrões estão debaixo dos lençóis,
o cantor e poeta confunde-se com a madrugada, sobe na estaca, no galho da árvore,
na cumeeira do paiol e anuncia o porvir,
a luz, a esperança, o remédio para as dores no raiar contínuo de Deus.
Tomo meu cafezinho madrugada, quase cinco horas da
manhã e vou tentando ouvir o guardião da fé, para voltar ao cochilo das
primeiras horas.
Abençoada seja a mensagem dos quintais, quem sabe
se não é hoje o início da mudança com o CANTO DO GALO.
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