ALBERTINA:
UMA BAIXA NA CULTURA SANTANENSE
Clerisvaldo B.
Chagas, 7 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.033
NOTE: NOME, GRADEADOS, SÍMBOLO SOL NA PAREDE. (FOTO: LIVRO 230). |
Distante da minha terra, Santana do Ipanema,
leio a notícia sobre a minha amiga Albertina Agra. Péssima notícia de final e
início de ano. Aos 93 anos de idade, enfrentou a passagem, após uma vida
profícua, vitoriosa e nobre num exemplo profundo de cidadã consciente,
intelectual e guerreira. Todos conheciam o lado da Albertina da Farmácia Vera
Cruz, ao lado do seu ilustre irmão Alberto Nepomuceno Agra. Mas não são muitos
os que tiveram o privilégio de conviver com a sua banda cultural e,
particularmente, da dramaturgia forte que circulava em suas veias.
Surgiu o primeiro teatro de Santana na década
de 20. O segundo, na década de 50 por Aderval Tenório, Albertina e grande
elenco. Depois veio o terceiro teatro ainda com a presença de Albertina Agra. E
somente em 1971, o quarto teatro foi fundado por mim e pela minha amiga.
Chamava-se Teatro de Amadores Augusto Almeida em homenagem àquele que viera do
Recife para orientar o segundo e talvez o terceiro teatro de amadores. O pedido
do título foi de Albertina Agra e a ideia do símbolo Sol com a frase no centro:
Equipe 16 foi minha, pois éramos de
fato dezesseis componentes.
O teatro funcionava no auditório do antigo
Ginásio Santana. Tivemos apoio do prefeito Henaldo Bulhões. A parte de madeira
foi entregue a competência do marceneiro Antônio d’Arca. A parte elétrica por
um senhor eletricista, chamado Pedro. Do teatro físico, restam os três
gradeados de madeira que serviram de tapumes para a porta e duas janelas da
parte superior. (Ver foto). Foram feitos e ali colocados pelo senhor Antônio
d’Arca e pintados por mim.
Todo o registro histórico acha-se no livro
ainda inédito: “O Boi, a Bota e Batina, história completa de Santana do
Ipanema”, bem como dos quatro e únicos teatros, em detalhes, na página: A
marcha do teatro santanense.
Foi nessa fase que convivi de perto com a intelectual,
doce, determinada e iluminada, Albertina. A sua meiguice conquistava a todos e
o seu intelecto aos sedentos pela cultura. Sua meiguice não a impedia de
responder na hora aquilo que a desagradava. Fizemos uma parceria que rendeu
dividendos para a nossa terra. Mas foi Deus quem me proporcionou essa amizade
séria, respeitosa, admiradora e quase santa com Albertina, uma amiga de luxo e
alta nobreza. Era viajada, intelectual e dona do seu nariz. Quem a chamou de
“Dama do Teatro Santanense”, talvez por brincadeira, acertou em cheio.
O mínimo que se pode fazer para homenageá-la
é perpetuar o seu nome em obra valorosa ligada ao Saber, como por exemplo, estendendo
o nome da Casa da Cultura para Casa da Cultura Albertina Agra.
É pena “O Boi, a Bota e a Batina, História
Completa de Santana do Ipanema”, não ter sido apresentado a minha querida
amiga.
Albertina foi um presente divino para à terra
de Santa Ana, a Capital do Sertão.
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