BARRA
DO IPANEMA: SAUDADES
Clerisvaldo B. Chagas,
18 de janeiro de 2019
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.042
NO CÂNION DO RIO IPANEMA COM A TV GAZETA. (FOTO: BASTINHO). |
Saudades
do povoado Barra do Ipanema no município de Belo Monte. Emerge vez em quando no
peito a preciosa monotonia da região ribeirinha, desde a nossa primeira visita
e descoberta. Barra do Ipanema, ponto de encontro entre o rio Ipanema e o rio
São Francisco, registrado na história há mais de seiscentos anos. Ponto de
encontro de colonizadores, comerciantes e aventureiros que subiam de Penedo
rumo aos sertões. Descoberta de ouro no último trecho do Ipanema faz parte das
antigas narrativas pesquisadas. Foi ali onde fomos desembocar no dia 9 de
janeiro de 1986. E na nostalgia do povoado, quantas histórias escondidas em
suas águas passantes e terra seca de facheiros e mandacarus! Foi assim tudo
anotado no livro “Ipanema, um rio macho”, editado no ano de 2011.
E meus companheiros de incursão pelo rio
Ipanema não mais existem. Para outra dimensão partiram o Benedito Pacífico,
Wellington Costa e João Soares Neto. Também partiram outros personagens cujas
fotos estão no livro, gente do próprio povoado. E depois da nossa expedição de
1986, ainda fui ali algumas vezes com alunos e outros companheiros. Novamente
as subidas ao morro/ilha de Nossa Senhora dos Prazeres; os banhos no São
Francisco; as fotos arrebatadoras e vazio enorme dentro do peito. Mesmo assim,
a vontade aflora pedindo nova visita ao povoado para complementar a vida. Vou
considerando a rodovia Batalha – Belo Monte com asfalto. Avaliando a idade, o
companheirismo, a entranha da caatinga pesando tudo isso na balança do tempo,
mapeando a vontade da volta.
Não
saem da cabeça as corredeiras do sítio Telha e o cânion do rio Ipanema naquele
lugar impressionante que me marcou pelo resto da vida. Foi por isso que levei
para a Telha a TV Gazeta que filmou pela primeira vez tão fantástico lugar.
Voltar a Belo Monte sem visitar o cânion do Ipanema, não me parece atrativo,
mesmo tendo que deixar a estrada principal e rodar por uma longa variante em
dureção à serra das Porteiras. Amigo, saudade não tem dia, não tem hora, bate
quando tem vontade de bater. Lê novamente o livro “Ipanema, um rio macho”, é
deixar os olhos lacrimosos sem os companheiros para comentários.
É
doído retornar ao povoado Barra do Ipanema, em carne e osso.
A
vontade é muita, a coragem é pouca.
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