SANTOS DE ALAGOAS
(Clerisvaldo B. Chagas. 6.4.2010)
São diversos os santos introduzidos no Brasil pelos portugueses. Muitos se tornaram verdadeiros guias espirituais, adquirindo milhões de devotos seguidores. Esses são os mais conhecidos e não existe cidade grande ou lugarejo que não tenha alguma coisa com o nome do santo. Casas comerciais estão cheias de denominações divinas numa evocação sincera ou não que mostram os pendores do cristão. Colocar nome de santo no estabelecimento é acreditar na ajuda que vem do céu para seus negócios, muitas vezes até escusos na Terra. Todavia, é como se o santo não visse as falhas, os defeitos, os pecados, os roubos escancarados e continuasse protegendo o infrator devoto. O povo nordestino anda com muitos santos no bornal e apela para todos conforme seja a natureza dos seus reclamos. Caminhos que cortam a caatinga, o agreste, mangue e floresta, acham-se repletos de sinais que levam ao transcendental. A boca ainda reina como lugar preferido para abrigar o monte, porque dificilmente esse monte é conduzido ao coração. Pronunciar denominações de seres encantados é como reflexo disponível a qualquer momento em qualquer lugar. Mesmo os últimos destaques do Nordeste não canonizados ainda, tem o espaço em logradouros públicos e casas de negócios, ainda que sejam somente para atraírem a clientela e nada mais. Afinal, as forças que muitos nomes proporcionam, parecem ser a chave do sucesso que erguem pobres e ricos na concorrência da vida.
Entre os santos mais apreciados, com raízes seculares na região nordestina, estão, São José, São João e Santo Antonio. Esses ajudam na escolha dos nomes dos que nascem nessas bandas e os nomes escolhidos cooperam com a devoção da entidade correspondente. Sem conta são os motivos que levam a escolha do nome filial. Tirando os campeões citados, outros santos também tem lugares garantidos como Santa Luzia, protetora dos olhos; São Brás que toma conta da garganta e assim por diante. São comuns ainda as homenagens a Frei Damião e ao Padre Cícero, em praças, botequins, bazares, armazéns, marcas de velas, fogos de artifícios e até em simples carrinhos de balas doces de ambulantes pelas feiras. Essa simbiose cristã vai solidificando a maneira de ser do caboclo que precisa de uma proteção real contra as dores e injustiças reinantes nesse território causticante. Sempre se precisa mesmo de alguma coisa sobrenatural pelo menos para acreditar.
Para os que gostam de expandir a segurança divinal, boas novidades se apresentam. Começa a revoada de novos santos (santos, não candidatos a santo) em Santana do Ipanema e em outras cidades do interior de Alagoas. Deputados, senadores e outras categorias do céu, chegam por aqui, são entrevistados, contam suas vidas e até os rádios dos ouvintes choram de tanta pena e emoção. As lábias são semelhantes àquelas dos vendedores de óleo do peixe elétrico que aparecem nas feiras livres semanais. Irmãos de São José, primos de São João, parentes de Santo Antonio, estão isentos de todas as culpas, de todos os pecados, de todas as infelicidades. Você que já engoliu tantas, engula mais essa. Deixe de lado o demônio e coloque já no lugar de honra da sua casa mais dois ou três SANTOS DE ALAGOAS.
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