domingo, 18 de abril de 2010

FUMACINHA BESTA

FUMACINHA BESTA
(Clerisvaldo B. Chagas. 19.4.2010)
Estamos vivendo ainda esse caos aéreo que deixa os passageiros de aeronaves aborrecidos. Quem viaja quer viajar. Mas quem é que pode com a Natureza, meu amigo? De repente a Natura resolve quebrar a alegria dos viajantes, exibir o mau humor das companhias aéreas e aplicar um nó de porco no tráfego espacial. E agora? Ah, muitos pensavam que tumultos em aeroportos só aconteciam no Brasil. Estamos vendo que a semente do imprevisto foi semeada no planeta inteiro. Nem adianta encher a boca com orgulho do tal primeiro mundo. Tem até um ditado sertanejo que diz: “Quando Deus não quer, nem peleje”. E assim os caceteiros dos países em desenvolvimento param um pouco a severidade contra nós.
A Islândia, cuja capital e Reiquiavique, estar situada no Atlântico Norte, sendo um dos países mais adiantados do mundo. Em 2007, chegou a ser considerado o mais desenvolvido de todos. Sua Geografia é assim mesmo, diferente de todas. O Centro do país é formado de planalto de areia, montanhas e geleiras. Nas planícies, muitos rios de origens glaciais vão despejar no mar. A Islândia convive com vulcões e é também rica em gêiseres. Os gêiseres servem até de atrações turísticas e, dessas fontes geotérmicas algumas são usadas como fontes de energia elétrica. No século XVIII, aconteceu problema sério por causa de fumaça de vulcão da Islândia que matou pessoas na China e na Europa. Inclusive, muitas morreram de fome em consequência dessas erupções. Portanto, essa não é a primeira vez que um vulcão da Islândia apavora parte do planeta. A fumaça que tomou conta da Europa paralisou foi tudo.
Aqui em Maceió, do outro lado do mundo, a gente vai conversando sobre o assunto na Praça Deodoro. A estátua do nosso cavaleiro Proclamador da República parece desconfortável no centro de tantos maconheiros e cheira colas. É o antigo cartão de visita da capital que vai tombando aos poucos como árvores em final de existência. O outrora abrigo de aposentados vai evidenciando a presença nefasta da escória. A impressão é que as autoridades lavaram definitivamente a consciência no combate às causas dos mostrengos. Isso nos causa uma vergonha enorme quando o turista em alerta aponta com o dedo. Cobertores rotos espichados pelo chão. Restos de comida pelos bancos imundos. Guardas impotentes de farda; guarda débil de máscara (Teatro Deodoro); guarda fraco de livros à mão (Academia de Letras); guarda frágil de balança pênsil (Justiça)... E no meio, bem no meio do palco da vida, o foco do Sol dardejando as cenas degradantes da sociedade luz.
Ouvindo a nossa conversa sobre a fumaça que assola o continente europeu, o maconheiro adolescente ergue-se de um pedaço de lona. Puxa de algum lugar da calça o fumo e o papel. E depois de fazer um cilindro “baseado”, ainda trôpego, risca o fósforo no recheio de folhas, aspira com sofreguidão e mostra que estar ligado à conversa vizinha. Joga dos pulmões o mundo de fumo e rebate a crônica que teimava em não sair: “Tá louco, meu! E as Oropa tá se acabando toda mode essa FUMACINHA BESTA!”





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