LEITE DE QUIXABA
(Clerisvaldo B. Chagas. Quatro de agosto de 2010)
Diz a sabedoria popular que “tudo tem a sua vez”. Eu queria porque queria encontrar o Arenilson nascido em São Miguel dos Campos. Enfrentamos a batalha pelos estudos em república de estudantes na capital alagoana. Arenilson falava baixo, gostava de Química e era bom sujeito. Quando tomava banho ficava imóvel e dizia que era para não suar. Falava que banho demais estragava a pele. Quando nos referíamos a esses sucos em pó como cancerígenos, ele pedia que juntássemos todos os pacotes e levássemos para ele. O pai era caminhoneiro em São Miguel. E certa feita, dirigindo o caminhão do pai, Arenilson me chamou e fomos transportar melaço de uma usina no vale do Mundaú para o cais do porto. Pela primeira vez eu vi como funciona o sistema, novidades que bem impressionaram ao sertanejo. Meu colega sempre perguntava o tamanho de Santana e foi quem primeiro me falou da “feira da ponte”, tradição miguelense de Semana Santa. Tentei ultimamente localizar o homem, mas nada consegui. Na época morávamos vizinho à casa do Pedro Vieira, garoto inteligentíssimo. Tornar-se-ia Pedro, muito mais tarde, prefeito de Maceió. Encontramo-nos por acaso anos após o seu mandato e ele simplesmente provocou à memória: “Você não é o Clerisvaldo?”
Procurando como pesquisador procura os endereços de Maherval, Silvio Bulhões e Sebastião das Queimadas, fui encontrar os dois primeiros no encontro dos muralistas, festa de gala do Portal Malta net. Maherval, rapazinho, franzino, educado, sempre ia à casa de meu pai a mando da grande amiga da minha mãe, professora Adelcina Limeira. Não reconheci logo aquele cabra alto, bonito e elegante que estava no salão. Silvio Bulhões, colega de DNER do meu sogro (poeta Rafael Paraibano da Costa) professor de Matemática, deixou a escola quando eu entrava no Magistério. Nunca conversamos antes. Foi assim que eu matei dois coelhos de uma só varada de quixabeira. “Primo Vei” que compareceu em minha companhia, dava conta de tudo. Um cavalheiro! Poucos dias após o evento, encontrei-me com o Sebastião, ex-funcionário do Produban, matuto do sítio Queimadas, excelente pessoa. Pude recordar os três dias, como hóspede, em sua residência na tentativa vencedora de enfrentar o vestibular. Ainda hoje sinto o cheiro que varava o quarteirão, da inigualável carne-de-sol de porco, preparada por sua esposa Zuleide. Ê “Bastião”, macho caboclo de tantas batalhas! Andou noticiando Omir Pereira que poderia nos brindar de novo com “Hoje a Notícia Correu” (Moacir Franco) por que não? Dos quatro que eu procurava achei pelo menos três.
“À Sombra da Quixabeira” é uma coletânea de crônicas, principalmente de pessoas que escrevem através do Portal Malta net. Até agradeço por ter tido a honra de ter participado com duas das trezentas e trinta e uma, com essa. Foi lançado na mesma noite, o primeiro livro do amigo e ex-bancário Luiz Antonio de Farias, “Capiá”. Impossível resumir a grandeza do encontro em uma crônica. O evento, Encontro dos Muralistas, foi uma noite em que o Sol prestigiou a Lua. Apesar de todos estarem à sombra da quixabeira, o astro rei brilhou forte sobre a copa. Foi bom rever os amigos, armar rede à sombra e provar do sabor adocicado do LEITE DE QUIXABA.
Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2010/08/leite-de-quixaba.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário