MORENO DAS ALAGOAS
(Clerisvaldo B. Chagas, 28 de abril de 2011).
Nascido em 14 de setembro de 1875, no município de Pão de Açúcar, Francisco Henrique Moreno Brandão, foi uma das grandes inteligências que honrou Alagoas. Tendo uma vida estudantil agitada em busca do seu espaço, Moreno Brandão foi “prosador, poeta, romancista, orador, jornalista, filósofo, historiógrafo, polemista e humanista”, escreveu meu saudoso amigo, escritor e professor penedense Ernani Otacílio Méro. O insigne Ernani Méro, autor de “História do Penedo” e outras obras importantes, não poupa elogios ao filho de Pão de Açúcar, ao prefaciar a obra “História de Alagôas”, relançada em 1981, pela Sergasa. Não bastasse a sua trajetória através das letras, por si só o livro de Moreno, editado em 1909, marcaria o seu enorme talento ao fornecer uma espécie de identidade ao nosso estado, ainda pobre em fontes de alto crédito onde possa se orgulhar dos seus feitos, retalhos da história brasileira.
Conta, Moreno Brandão, que na época da maioridade de D. Pedro II, a 23 de julho de 1840, Alagoas encontrava-se em estado lastimável de atraso e de descultura, em contraste com suas riquezas não aproveitadas. A instrução primária era nula e havia 1.500 alunos distribuídos em 38 escolas, sete das quais destinadas ao sexo feminino. No caso do ensino secundário, sem plano definido, esparso, com cadeiras em latim, francês, geometria e retórica na cidade de Alagoas (hoje Marechal Deodoro) e em outros centros, com latim e francês, em Penedo. A renda mesmo não atingia os cem contos. Nessa época, Alagoas estava dividida em cinco comarcas, 15 termos e 15 municípios. Falando sobre a segurança, apenas 150 praças tomavam conta de tantas terras, havendo inseguridade e séries de crimes, inclusive ameaças a magistrados. Olhando pelo ângulo das freguesias, havia 20 delas com a proliferação constante de novos templos. Comandava os destinos das terras alagoanas, no momento, Manoel Felizardo de Souza e Mello, que assumira a administração em 18 de julho de 1840.
Nessa época Santana do Ipanema era Freguesia e ainda contava com o comando do padre Francisco José Correia de Albuquerque que ficou até 1842.
Está aí um pouco das Alagoas de 171 anos atrás. O exposto permite claramente se fazer um comparativo para análise histórica. É fundamental saber o passado da nossa terra, pois um povo sem história e como um livro sem letras. As nossas escolas, infelizmente não dispõem de matéria específica sobre o estado, nem em cursos básicos e muito menos em esferas superiores. Assim a memória vai sumindo como a de muitas culturas indígenas pressionadas pelos brancos. Por outro lado, o texto mostra a capacidade intelectual de filhos do interior ─ tão distante e permanentemente explorado ─ presenteando o todo com esse acervo magnífico. São necessárias condições e valorização para o surgimento assegurado de outros notáveis, à semelhança de Francisco MORENO DAS ALAGOAS.
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Parabens pelo trabalho de um grande alagoano
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