domingo, 9 de junho de 2019

NOSSAS TRADIÇÕES


NOSSAS TRADIÇÕES
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de junho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.122
PARCIAL DE SANTANA DO IPANEMA. (FOTO: B, CHAGAS).

Os nossos primeiros escritores santanenses, não se preocuparam em descrever as atividades lúdicas da época. Alguns foram embora cedo e poucos sabemos sobre seus escritos. Outros como Floro de Araújo Melo, Breno Accioli, Tadeu Rocha e Oscar Silva, de maior acessibilidade, também não. Cada qual pendeu para o se compartimento, tornando mais universal o que se conta da terra da Senhora Santana. As brincadeiras das meninas: Pular corda, anel, frutas, adivinhações e outras, não são achadas. Os meninos que se divertiam com o pinhão, a ximbra, o carrinho puxado por cordão, a gangorra, o pega, o carro de ladeira, já eram brincadeiras modernas para a época 50 60, e antes?
Na rua cantávamos: “Dona Mariquinha/cadê Pompeu?/ Pompeu foi à rua/os arubu comeu”. Quem diabo fora Pompeu? E dona Mariquinha? Outros dizeres também se aprendiam nas ruas. “sete e sete são catorze, três vez sete, vinte e um; seu pai ladrão de bode, sua mãe de jerimum”. Quando havia redemoinho se gritava: “Rapadura! Rapadura!”. E outras dessas que nem se pode dizer por aqui.
Tadeu Rocha era da elite e sobre a elite escreveu. Oscar Silva, extremamente pobre e criado pela avó, frandreleira, tornou-se popular. Cantou os anônimos, os tipos populares valorizados pelo seu olhar e sua convivência, os movimentos das ruas, as amarguras sertanejas e mesmo o relevo do sertão em contraponto à Geografia de Tadeu, também seu amigo.
Foi Oscar quem nos lembrou da tradição do doce. Quando havia casamento nos sítios, os noivos vinham casar na cidade acompanhados de inúmeros cavaleiros. Um cabra numa besta, trazia roupas da noiva e era apelidado “calango”. O calango era bastante vaiado na cidade. De volta ao sítio, alguns cavaleiros disparavam à frente para chegar primeiro à casa da noiva e trazer um pires de doce para os noivos ainda na estrada. O doce era comido ali mesmo com uso dos dedos, no meio da poeira. A comitiva bradava: “Viva os noivos, Senhor!”.
Transferimos a crônica de Oscar para o nosso livro: “O boi, a bota, e a batina; história completa de Santana do Ipanema”, porque a balíssima narrativa do homem, não podia se perder. Nesta versão tem detalhes sobre o calango, complementados pelo saudoso professor Alberto Nepomuceno Agra, exclusivo.

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