ROSÁRIO DE COCO
Clerisvaldo
B. Chagas, 13 de junho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão
Alagoano
Crônica: 2.125
Nos terrenos arenosos do Sertão, surge a
palmeira ouricuri. Sua existência é respeitada pelos fazendeiros, mas, às vezes
é atingida pelo fogo das coivaras. A palmeira ouricuri (Syagrus coronata)
pode chegar a ter 12 metros de altura. Dependendo da região é chamada ouricuri,
dicuri, adicuri, alicuri, licuri, aricuí, aricuri, butiá, butiazeiro,
coco-cabeçudo, coqueiro-cabeçudo, iricuri, licurizeiro, nicuri, uricuri,
urucuriiba, nicuri-de-caboclo e urucuri. Do tupi (ariku’ri); (mbuti’á). Seu
fruto nasce em cachos a que nós sertanejos, chamamos de coquinhos. Quando caem
de maduro fazem a festa da meninada e da culinária. Coloca-se o coquinho numa
pedra e bate-se com outra. O coco sai em forma de bolinha. Uma delícia!
Rosário. (Foto: Blog o último dos Monhicanos). |
Mais deliciosos são os coquinhos ruminados e
regurgitados pelos bovinos. Abelhas e raposas visitam a palmeira. A safra
coincide com a Semana Santa, quando os coquinhos são apresentados nas feiras,
das mais diferentes formas. Entre elas a de Rosário de Coco. Os coquinhos são
furados e enfileirados por uma longa e delgada folha da palmeira e se agrupam
em forma de rosário, daí a denominação. Onde tiver menino, rosário não esquenta
canto. As crianças, primeiro colocam o rosário no pescoço para exibi-lo. Depois
vai devorando um a um. Não só as crianças apreciam o coquinho, mas todas as
pessoas. O fruto também é usado nos pratos da época Santa como qualquer outro
tipo de coco. Quem nunca provou... Ah, que inveja!
É claro que a mudança rápida no comportamento
do mundo faz com que joias como o rosário de coco vá desaparecendo. A tradição
também é afetada quando a estiagem se prolonga, prejudicando a safra das
palmeiras. Mesmo assim, o rosário de coco ainda aparece na feira de Santana do
Ipanema e região durante o período já citado. A partir de Santana do Ipanema e
puxando em direção ao rio São Francisco, pode-se contemplar das rodovias, as
imponentes palmeiras, como símbolos da resistência sertaneja. O balançar das
suas palhas parece um cumprimento de boas-vindas e também um adeus ao viajor.
Eita nordeste arretado!
Orgulho em ser nordestino.
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