GRÊMIO E O MIOLO DE POTE             Clerisvaldo B. Chagas, 1 de dezembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.793 ...

GRÊMIO E O MIOLO DE POTE

 GRÊMIO E O MIOLO DE POTE
            Clerisvaldo B. Chagas, 1 de dezembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.793

FOTO: (GRÊMIO TWITER/REPRODUÇÃO).
Como toda cidade do interior às vésperas de um grande jogo, as conversas não giram em torno de outra coisa. Quem gosta ou quem não gosta de futebol, se submete àquelas conversas compridas e muitas vezes enjoadas sobre a partida. E foi assim no bairro da cidade onde durante algumas compras tive que aguentar todo aquele miolo de pote dos interessados. Até o dono do estabelecimento entra no assunto sem fim que se estica, descamba e rende que só a beleza! Afinal também não é um joguinho qualquer, mas a decisão da Libertadores que agita fortemente o mundo esportivo. E então, o homem me pergunta se “o senhor acredita na vitória do Grêmio?”. E eu respondo que se o Lanú jogar bem em sua casa como jogou em Porto Alegre fica difícil à vitória dos gaúchos.
E quando a gente está em meio aos fanáticos, ou se junta a eles ou sai driblando como Garrincha. E assim vamos dizendo que cada jogo é um jogo, para convencer e escapulir. Mas saio pensando comigo mesmo que o Grêmio só poderá se sair bem se jogar um rigoroso 4-4-2 para não deixar o adversário se articular. Mesmo não indo muito fundo ao campo da bola, sustento a minha teoria até a chegada do jogo e repetindo que a tática dita é a única oportunidade. E para surpresa deste simples amador, o Grêmio entrou claramente com o sistema 4-4-2, não deixando o Lanús se articular, irritando o time da casa. Mesmo assim eu ainda me perguntava se o Grêmio não cansaria logo e abandonaria o esquema. Mas houve muita raça gremista (coisa que de fato eu não esperava) e o time fez um primeiro tempo digno da Seleção Brasileira com Tite.

A vitória do Grêmio foi a vitória do Brasil: grande, insofismável e inesquecível. Outras coisas nos impressionaram como a boa arbitragem, a derrota do Lanús sem muita violência e o comportamento decente e educado da plateia argentina decepcionada. Acho que depois deste meu palpite acertado quanto ao esquema de jogo, quando sair por aí posso até me juntar a eles naquela baboseira de miolo de pote. 

O DRAMA VENEZUELANO Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.792 FOTO: (G1/...

O DRAMA VENEZUELANO

O DRAMA VENEZUELANO
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.792


FOTO: (G1/VALÉRIA OLIVEIRA).
Enquanto prossegue os absurdos na Venezuela, população de vários recantos daquele país tenta escapar da fome, da violência e do desemprego. Muitos batem às portas do Brasil e em outras nações vizinhas, numa fuga em massa das suas origens. Na cidade de Pacaraima, em Roraima, 240 índios são abrigados e alimentados pela organização Fraternidade e Agência da ONU para refugiados. Mas enquanto instituições particulares sociais tentam fazer alguma coisa pelos nossos vizinhos irmãos, o governo brasileiro parece ignorar o drama também em território brasileiro.  E lá em Pacaraima, por exemplo, o lugar planejado para 200 índios, é ocupado por 240. 
Fluxos de refugiados vão chegando por vários lugares do Norte e ficam perambulando pelas ruas como mendigos, pois nem todas as cidades e lugarejos estão preparados para recebê-los. Dizem que Roraima recebeu mais de 11.000 pedidos de refúgios o que compreendemos como pedidos provisórios. Ninguém quer ser refugiado eternamente. Mas é preciso, pela irmandade do mundo, uma condição mínima em receber aqueles tangidos pela adversidade. Os que chegam trazem a família com filhos menores, situação que agrava a imigração. A estimativa é que 30.000 mil venezuelanos já entraram em Roraima. Lá mesmo na cidade de Pacaraima, os 240 índios serão enviados para Manaus e o lugar ficará vago para receber outros imigrantes.
A Venezuela, oficialmente República Bolivariana da Venezuela, é um país da América localizado na parte norte da América do Sul, constituída por um continente e um grande número de pequenas ilhas no Mar do Caribe. Sua maior aglomeração urbana é a cidade de Caracas, onde conflitos internos acontecem todos os dias. A sede ditatorial de Maduro não assegura a ordem em seu território e os seus cidadãos se dividem em resistência, fugas ou acomodamento. E quando as forças armadas resolvem apoiar um ditador, o país permanece com futuro incerto.
Esperamos mais compreensão do governo brasileiro em relação aos refugiados, para recebê-los dignamente e encaminhá-los para o trabalho com uma assistência decente e latina. Aliás, a fraternidade entre os povos parece ser um dos objetivos das inúmeras religiões do mundo.





A LENDA DE JURATAÍ Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.791 RIO AMAZONAS....

A LENDA DE JURUTAÍ

A LENDA DE JURATAÍ
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.791

RIO AMAZONAS. FOTO: (GEOGRAFIA SAAD).

“Muito tempo atrás, no fundo da floresta Amazônica, havia um pássaro chamado Jurutaí. Uma noite Jurutaí olhou para cima, através do ar quente, e viu a Lua. Ela estava completamente redonda. A luz prateada brilhou sobre a face de Jurutaí com se a Lua estivesse se esticando para tocá-lo. E Jurutaí se apaixonou.
Jurataí se apaixonou pela Lua e quis ir até onde ela estava. Assim voou até o topo da árvore mais alta que podia ver. Mas a Lua ainda estava longe. Ele voou até o cume de uma montanha. Mas a Lua ainda estava longe. Então ele voou até o céu. Jurutaí bateu as asas, subindo, subindo até o ar ficar rarefeito. Mas a lua estava muito longe.
O pássaro continuou voando para cima até as asas doerem, os olhos arderem e parecer que cada respiração só enchia seus pulmões de vazio. Queria prosseguir, mas era muito difícil. A força de suas asas chegou ao fim e de repente ele começou a cair. Rodopiava, através do ar negro, e batia asas céu abaixo. Ele caiu de volta nas folhas úmidas e perfumadas das árvores. E se empoleirou ali, piscando ofegante para a Lua. Ela estava distante demais para que ele a alcançasse. Assim, tudo o que Jurutaí podia fazer era cantar para ela.  Ele cantou a mais bela canção que pôde. Uma canção cheia de tristeza e amor, que se espalhou pela floresta.
A lua olhou para baixo, mas não respondeu. E lágrimas encheram os olhos de Jurutaí. Suas lágrimas rolaram pelo chão da floresta. Encheram vales e escorreram em direção ao mar. E dizem que foi assim que o rio Amazonas surgiu.
Ainda existe um pássaro que se chama Jurutaí que vive na floresta Amazônica, hoje em dia. Às vezes, na lua cheia, ele olha para o céu e canta. E ouvi falar de povos indígenas que acendem fogueiras quando a lua cheia brilha e cantam e dançam para fazer o Jurutaí cantar. Eles sabem que cantar a mais bela canção que se conhece é a melhor maneira de se livra da tristeza. E acreditam que deveríamos acender fogueiras no coração quando o jurutaí dentro de nós se cala”.
·         Recontada por Sean Taylor. Cobra-grande: história da Amazônia. Trad. Maria da Assunção Rodrigues. São Paulo: edições SM. 2008.p. 8-9.