FOGO NO CORCUNDA Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.093   CATEDRAL. (FOT...

FOGO NO CORCUNDA

FOGO NO CORCUNDA
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.093
 
CATEDRAL. (FOTO: REPRODUÇÃO).
O emocionante “Corcunda de Notre-Dame” é um romance escrito pelo escritor francês Victor Hugo. O livro foi publicado em 1831 e tornou-se best-seller mundial. O famoso escritor francês escolheu como cenário para o seu trabalho, a Catedral de Notre- Dame, no centro de Paris, cujo início da edificação aconteceu em 1.163. Impossível falar sobre Paris e deixar de fora a Torre Eiffel e a Catedral citada. Quanto à literatura, o escritor francês consta na primeira linha do romance no globo. A famosa igreja de Notre- Dame que quer dizer “Nossa Senhora”, pois a ela foi dedicada a sua edificação, absorveu tanto o personagem do romance que é impossível falar sobre a Catedral sem Quasimodo, o corcunda da ficção. 
O acidente do fogo acontecido na igreja, não queimou somente o edifício, mas a tradição ficcional do criador de Quasímodo. Logo o lamento do mundo inteiro caiu sobre Paris. A Igreja de Nossa Senhora não era apenas um monumento religioso católico, mas uma imensa obra de arte histórica que pertence ao patrimônio mundial. E a ira de algumas pessoas quando algo assim acontece, não tem cabimento. Os dirigentes não podem se preocupar apenas com as artes e os monumentos históricos. O abandono de edifícios tombados é encontrado em todas as regiões do planeta. Não poderia ser diferente na França, apesar de primeiro mundo. No Brasil, foi o incêndio no museu e... Pior a destruição deliberada de cidades no Oriente Médio, pelos considerados terroristas.
Diante da solidariedade geral, temos a certeza de que em breve a Igreja Notre-Dame será restaurada na parte perdida. E afirmamos, na parte perdida, porque é a Catedral completa que estar precisando de uma revisão... Difícil é fazê-la no todo e no tempo curto. Bem, pelo menos o incêndio serviu para lembrar o livro do autor francês, que passou a ser vendido com velocidade. Vamos reler o drama e a tragédia de Victor Hugo com a fala do Corcunda no campanário famoso de Paris. Estranho me parece que o fogo tenha começado justamente nos momentos religiosos mais caro para a Igreja Católica.
E se o Corcunda de Notre-Dame resistiu durante 188 anos, por certo também sairá vitorioso do fogo danado de lá de cima.

AS LAPADAS DO CAMALEÃO Clerisvaldo B. Chagas, 16 de abril de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.092   MACACO...

AS LAPADAS DO CAMALEÃO

AS LAPADAS DO CAMALEÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.092
 
MACACO-PREGO (REPRODUÇÃO).
Entre os anos 60 e 70, havia bom número de engraxates na praça da Matriz, em Santana do Ipanema, profissionais hoje em extinção. Uma algarobeira foi plantada no centro da praça, cresceu bastante e dava proteção aos engraxates. Primeiro surgiu, não se sabe como, um macaco-prego que passou a fazer morada no pé de algaroba. Chamava atenção de todos os passantes, crianças, velhos e adultos. Os engraxates passaram a alimentá-lo, com ajuda do comércio local. Mas o macaco-prego logo desapareceu tão misteriosamente quanto chegara. Tomando o lugar do símio, surgiu também do nada, um camaleão que, apesar de não fazer macaquices, tornou-se a atração da Praça Cel. Manoel Rodrigues da Rocha.
Ora, assistindo a um vídeo no Face, vimos que um camaleão havia mordido um dos dois homens que o capturaram. Um terceiro cidadão, nativo e experiente, mandava que o homem mordido, tomasse um melhoral, dissolvesse outro e passasse no local da mordida, caso contrário seria fatal. “Esse bicho é venenoso, briga e vence a cobra. Nem quero negócio com ele. Corra e vá para a cidade comprar o melhoral”. Camaleão são répteis da família chamaeleonidae e incluem cerca de 195 espécies. Elas estão na África, Ásia, sul da Europa, Brasil, Espanha e Portugal. O que nos surpreendeu foi a experiência do nativo e o perigo que para nós, o pacato camaleão representava. Além da mordida do bicho, um dos cidadãos estava repleto de lapadas levadas da cauda longa do animal.
Sabíamos das brigas que o teíu, tejo, tiú, tem com as cobras venenosas. O tiú sempre vence e, quando é mordido, corre para mato e morde um tipo de batata, antídoto, e volta à batalha com a serpente. Mas, como dizia os mais velhos, “é morrendo e aprendendo”. Por fim, “melhor não mexer no que está quieto”, diz o velho ditado.
Em Santana do Ipanema, o camaleão também anoiteceu e não amanheceu igualzinho ao macaco-prego. Se precisasse havia várias farmácias perto como a Vera Cruz, para vender melhoral, mas cadê o nativo para receitar?
Na ignorância, compadre, “teje” quieto!


                                                                                                                                         

LAMPIÃO, CORISCO E PIRANHAS Clerisvaldo B. Chagas, 15 de abril de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.091 Eu...

LAMPIÃO, CORISCO E PIRANHAS

LAMPIÃO, CORISCO E PIRANHAS
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.091

Euclides Malta (centro chapéu branco). Foto: 2017. Ticianeli/Personalidades.

Até mais ou menos 1936, em Alagoas, Mata Grande (região serrana) era evidência no mundo sertanejo. Essa evidência vinha desde antes do início do século com a família Malta no poder estadual. Piranhas, às margens do rio São Francisco, também se destacava pela estrada de ferro Piranhas, AL – Jatobá, PE, construída entre 1881 e 1883. Praticamente Santana do Ipanema era isolada de Piranhas, cujo trajeto teria que ser feito através de Mata Grande. Nos últimos dois anos antes da hecatombe de Angicos, Lampião fixou-se em uma faixa do São Francisco entre Alagoas e Sergipe onde passou de nômade a sedentário.

O grosso do bando de Virgulino servia de guarda-chuva para Corisco que gostava de atuar independente com um grupo pequeno e que nas horas de precisão, juntava-se ao chefe geral.
Apesar do ataque a Piranhas comandado por Corisco e rechaçado pela bravura da população, tempos atrás, quando morrera o cangaceiro Gato, o bando continuava na região. Mesmo após a chegada do Batalhão em Santana do Ipanema, sede de todas as volantes, em 1936, a caterva continuava entre Alagoas e Sergipe. A região de Piranhas passou a ser muito perigosa pelos seguintes motivos: 1. A permanência prolongadíssima de Lampião no trecho entre os dois estados. 2. A truculência natural das forças, notadamente das volantes de João Bezerra e Aniceto. 3. O apoio coiteiro político sergipano e alagoano. 4. O liame Bezerra/Lampião entre jogatinas e buchadas. 5. As incursões de subgrupos pela região sanfranciscana, serrana e planuras até a fronteira com Pernambuco.
Vez em quando Lampião levantava acampamento e partia para lugares onde fizera estágio com os Porcino e habitara em sua fase inicial entre o trabalho e as estripulias. Retornava depois às malocas marginais do “Velho Chico”. Tinha uma confiança cega em Pedro de Cândido e jogava pesado na espionagem e nos comandantes venais das forças.
Somente depois dos apertos de cima e da determinação inflexível de Lucena, o mundo acabou-se para o bandido. 60 dias para o governador dá conta de Virgulino. 30 dias para Lucena Maranhão acabar com o banditismo. Lucena: “quero a cabeça de Lampião em 15 dias”.
Sejam entregues as cabeças... Cumpram-se.