REPENTES Clerisvaldo B. Chagas, 16 de março de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.485 Para quem aprecia a cultura...

 

REPENTES

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.485




Para quem aprecia a cultura popular nordestina, não deixa sua paixão pelo mundo encantado da viola. Há bastante tempo tinha fama em Alagoas o poeta Manoel Neném, na cidade de Viçosa. E Joaquim Vitorino, de Pernambuco era um dos repentistas mais famosos do Nordeste. Os grandes de Viçosa organizaram um desafio entre os dois vates, lá mesmo na Rainha das Matas. Folcloristas registraram algumas coisas, mas as duas primeiras estrofes dos cantadores, até hoje são imortalizadas na boca dos apologistas.

O poeta pernambucano iniciou a cantoria:

 

Sou Joaquim Vitorino

Filho do velho Ferreira

Natural de Pernambuco

De Afogados da Ingazeira

Sou o maior cantador

Dessa terra brasileira.

 

O outro respondeu a sextilha:

 

Eu sou Manoel Neném

Cantador que não se braia

Sou vento rumorejante

Nos coqueirais de uma praia

Sou maior que Rui Barbosa

Na conferência de Haia.

 

Essas duas estrofes até hoje correm mundo. Mas, sobre os bastidores, contou-me o meu saudoso sogro também repentista, Rafael Paraibano da Costa: “No meio da cantoria naquela noite    houve uma pausa entre a dupla, para beber água, pinga ou qualquer outra coisa. Manoel Neném, enciumado pelo sucesso do cantador de fora, disse aos seus amigos lá no escuro do terreiro, que iria acabar com a vida do vate adversário. Neném era metido a valente e usava punhal na cinta. Foi aí que um dos influentes de Viçosa lhe disse: ‘Não senhor, não se mata um canarinho desse em território alagoano’. Assim o bom poeta, mas intolerante, teve que engolir o ciúme e a valentia.

Não sabemos se na mesma época ou anos depois, o poeta Joaquim Vitorino, hospedou-se em Santana do Ipanema, na última casa da Rua Pedro Brandão na calçada alta, Bairro Camoxinga. Ali, em casa de família, o poeta que tinha problema de asma, antes de dormir vira um frasco com rótulo do remédio que usava. Tomou o conteúdo sem saber que era veneno guardado pelo dono da casa com rótulo para asma. Vitorino foi levado para Palmeira dos Índios, mas não resistiu à fatalidade. Faleceu lá mesmo em Palmeira.  Familiares vieram do Pernambuco para investigar e constataram apenas o que se sabia. A casa da Rua Pedro Brandão tinha uma varanda em forma de arco, hoje é casa de primeiro andar e pertence a um senhor conhecido como Hermes Som.

Logo voltaremos com mais histórias sobre Joaquim Vitorino.

VIÇOSA – AL (FOTO: IVALDO PINTO).

 

 

 

 

 

 

  ENTENDA SUA TERRA Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.488   Mesmo tendo ad...

 

ENTENDA SUA TERRA

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.488

 

Mesmo tendo adquirido a grande sesmaria da Ribeira do Panema, que ia da Serra do Caracol ao Riacho Grande (hoje Senador Rui Palmeira) e dos Dois Riachos ao riacho dos Cabaços, os três irmãos que vieram da Bahia, pelo visto, ainda não estavam satisfeitos com o mundo de terras pleiteadas. Tanto é que Martinho Rodrigues Gaia fixou-se onde atualmente é o Centro Comercial de Santana do Ipanema. Dali saiu a sua residência e a construção da capela – bem pertinho de casa – e que se transformou no futuro na Matriz de Senhora Santana. Essa fazenda que ainda não teve seu nome descoberto, isto é, se tinha nome, deu origem a cidade de Santana do Ipanema. Mas, mesmo tendo chegado em tempo de sesmaria, já existiam famílias ocupando terras por aqui.

O irmão de Matinho Rodrigues Gaia, Martinho Viera Rego, chegou a comprar uma fazenda vizinha a seu mano, a fazenda chamada “Picada”, cujo vendedor foi João Carlos de Melo e que tudo indica, morava no Bebedouro. Essa fazenda Picada, iniciava-se na Pedra do Barco, onde hoje está situado o Bairro Lajeiro Grande, e prosseguia em direção ao atual povoado Pedra d’Água dos Alexandre, porém não chegava lá, ia tão somente até o riacho Mocambo, cerca de 12 quilômetros antes do povoado. Portanto, a Fazenda Picada nada tem a ver com a fundação de Santana, cujo dono, após sua venda, foi residir em Olho d’Água da Cruz, atual cidade de Poço das Trincheiras. O terceiro irmão, Pedro Vieira Rego, também adquiriu fazenda vizinha a sesmaria, mas até o momento não se tem clareza do exato lugar dessas terras.

Voltando ao fundador de Santana, Martinho Rodrigues Gaia, este imaginou o futuro da família, cujos filhos iam casando e precisavam independência e terras. Começou a lotear a sesmaria adquirida, entre filhos e filhas que iam deixando a casa paterna. Um desses lotes, corresponde ao atual sítio Olho d’Água do Amaro, talvez a mais falada e rica faixa da partilha. Atualmente o sítio dispõe de escola, igreja e já está sendo chamado popularmente de povoado, mas pelo que sabemos, casas esparsas não caracterizam um povoado.

Essas grandes sesmarias não tinham outras finalidades a não ser a agricultura e o criatório que prosperaram mesmo num clima difícil que caracteriza o sertão nordestino.

CAPELA QUE DEU ORIGEM À MATRIZ DE SENHORA SANTANA. (CAPA DO LIVRO 230/ARQUIVO B. CHAGAS)

 

  CURIOSIDADES 2 Clerisvaldo B. Chagas, 12 de março de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.487 Voltamos com uma espi...

 

CURIOSIDADES 2

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.487


Voltamos com uma espiada nos significados de nomes de cidades nordestinas que chamam atenção. A curiosidade é ao título do município que foge ao palavreado comum. Fica a expressão estranha bem acostumada aos ouvidos dos seus habitantes, mas os de fora ficam sempre curiosos sobre a expressão diferente naquela região. Louvamos também às cidades que conservam seus topônimos, transforma-os em tradicionais e se orgulham das suas origens. Assim vamos apresentar esses nomes de cidades nordestinas que chamam atenção aos que não conhecem as origens das palavras. Escolhemos, então, municípios de três estados que são eles: Sergipe, com Gararu, Carira e Cumbe. Bahia, com Caculé e Curaçá e Piauí com Jaicós e Oeiras.

A pesquisa é superficial, podendo o amigo interessado, aprofundar as investigações que naturalmente descobrirá coisas muito mais interessantes:

Gararu – Significa curral de pedras.

Carira – Nome de mulher que chefiava uma aldeia indígena na região, denominada Mãe Carira. Entretanto, o próprio topônimo Carira, não foi encontrado.

Cumbe – Aguardente, lesma...

Caculé – Irmão mais novo, caçula.

Curaçá – Chefe indígena, paus trançados em cruz.

Jaicós – Tribo indígena, atualmente extinta.

Oeiras – do latim, refere-se às minas de ouro.

Em Alagoas também existem cidades que se encaminham para o exótico, como: Maragogi, Jaramataia, Satuba, Canapi, Inhapi, Pariconha, Traipu, Paripueira e mais algumas, mas você está tão acostumado que se exime da curiosidade. Bem assim temos denominações rurais que somente a pesquisa revelará suas raízes, assim como os sítios Malembá, Camoxinga, Remetedeira, Puxinanã, Ipueiras, Araçá e outros ainda.

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GARARU (Crédito: sergipeturismo,com).