REPRESENTANDO ALAGOAS Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.714   Para quem ...

 

REPRESENTANDO ALAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.714

 



Para quem não sabia e nem sabe, a Craibeira é a “árvore símbolo de Alagoas”. Cresce muito e muito vive. Pode passar com folga dos cem anos de existência. É considerada madeira de lei. Seu tronco e galhos são duros como o ferro e com sua madeira se faz mesa de carro de boi. É para não se acabar e vencer diversas gerações de donos e usuários transportando as mais diversas mercadorias. Esse vegetal bota flores amarelas, principalmente na aproximação do Natal. Gosta muito de leitos de rios secos de areia grossa e salgada. Ama o nascimento entre pedras do leito, rachar e quebrar essas mesmas pedras, separando-as e ali crescendo até chegar em torno de vinte metros de altura, ou mais. Sem dúvida nenhuma, é a Rainha dos Rios Sertanejos.

A craibeira tanto é encontrada solitariamente quanto em grupos

formando belíssimos e preciosos jardins naturais. Santana do Ipanema, Poço das Trincheiras, apresentam esses jardins, notadamente no leito do rio Ipanema, mas obviamente toda a região sertaneja possui esse privilégio em seus rios, riachos e elevações como serras e serrotes. Quem já ouviu falar na tradicional pesca anual dos santanenses no riacho do Navio? Hoje não existe mais; acontecia o acampamento e a pesca sob frondosas craibeiras no leito do riacho do Navio, Pernambuco. Quando caem as sementes dessas árvores, assemelham-se a invólucros de curativo band-aid. Quando plantada em lugares muito movimentados como escolas, por exemplo, representam perigo quando cresce. Cada galho ou mesmo o tronco, podem atingir toneladas de madeira rija que ao caírem com a idade, ações de raios ou por outros motivos, podem causar seríssimos acidentes.

Bonita de se vê nas matas, nos leitos de riachos secos, principalmente quando destaque, florida diante da vegetação ressecada pelo verão puxado. Colírio para quem viaja pelos sertões e agrestes em tempos de longas estiagens. Não temos certeza, mas nos parece que a craibeira tornou-se árvore símbolo de Alagoas no governo estadual Geraldo Bulhões. Também não sabemos quais foram os critérios, pois existe muitas belas árvores na Mata Atlântica (floresta tropical).

Sertão orgulhoso com a Rainha Craibeira.

CRAIBEIRA COM MAIS DE 30 ANOS VISTA POR CIMA DOS TELHADOS (FOTO: B. CHAGAS).

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     

 

 

 

 

 

 

    BEBENDO LEITE Clerisvaldo B. Chagas, 9 de junho de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.713   Adotamos a prátic...

 

 BEBENDO LEITE

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.713

 



Adotamos a prática ensinada pelo saudoso professor Alberto Agra: ler o rótulo de todos os produtos industrializados que cair nas mãos, para identificar o estado do seu fabrico. Confeito café, tempero, grampos, seja lá o que for. Aumentar o conhecimento sobre coisas do Brasil. Assim fizemos vários trabalhos com aluno que traziam rótulos para a escola. Dava uma satisfação danada quando eles descobriam vários industrializados de Alagoas. Nessa época estive em Caruaru quando vi no balcão de um armazém um rótulo muito bonito de manteiga. Seguindo a prática da investigação pesquisei o rótulo que mostrava ser manteiga de Batalha, Alagoas. Pense como fiquei orgulhoso do meu estado! A fábrica fechou e assim passou bem 12 anos nessa situação. Veja abaixo notícia boas:

“A revitalização da Bacia Leiteira e a geração de cerca de três mil empregos são os principais benefícios da inauguração da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), que contou com a presença do governador Paulo Dantas, autoridades e de produtores de leite de várias regiões do Estado, na segunda-feira (6), no município de Batalha.

Fechada há 12 anos por dificuldades financeiras, quando ainda se chamava Fábrica Camila coube ao governador Paulo Dantas acionar o botão de uma das máquinas acoplada a um caminhão de leite e reinaugurar um novo tempo para a Bacia Leiteira alagoana”.

“Esse é um passo muito importante para Alagoas. A consequência dessa parceria ajudará a aquecer não apenas o mercado de leite, mas irá promover também a geração de emprego no estado”, frisou o presidente.

A instalação da Unidade de Beneficiamento do Leite promete fabricar produtos de qualidade e de alta tecnologia para o mercado alagoano.

“A abertura dessa fábrica representa o fortalecimento de toda cadeia da produção de leite, como os associados da CPLA, o cooperativismo, assim como quem vive da agricultura familiar”, ressaltou o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura, Maykon Beltrão. (informações Agencia Alagoas).

Dessa vez não disseram os tipos de produtos que iriam ser fabricados. Mas, por todo o conjunto das declarações acima, com certeza, o orgulho de bens industrializados para o Brasil, deixará novamente bons fluidos em Alagoas e em terras sertanejas.

Três mil empregos no Sertão cabra velho! Arre!

(FOTO: AGÊNCIA ALAGOAS).

 

 

  PILÃO Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.712   Antigamente, sobre uma dama...

 

PILÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.712

 



Antigamente, sobre uma dama bem feita se dizia: “tem corpo violão”. Contudo, também se falava: “cintura de pilão”. É que o velho pilão sertanejo tem duas bocas, cinturado no meio. E na zona rural toda mulher queria ter cintura de pilão. Mas os padrões vão mudando com o tempo, assim como tem mudanças na maneira de pensar de cada indivíduo. E se for mudança de pensar entre gerações, a mudança simples vira descomunal. Mas se formos falar desse assunto, dá uma discussão geral na política, na igreja, nos ateus, nos revoltados com a vida e assim por diante. Vamos falar apenas do pilão e da cintura, antes cobiçada. Não, não precisa apertar o cinto para ler o artigo. O padrão da mulher, atualmente é o que ela quiser, bem como o do marmanjo.

Ora, muito bem. Até os meados do Século XX, Era quase obrigatório um pilão em cada casa de fazenda, de roça, de sítio. É que muitas comidas eram feitas em casa e não dispensavam o amigo pilão. Feito de madeira de lei, rígida, tal como a sucupira, o pilão era feito artesanalmente e com apenas uma talhadeira. Com o surgimento de maquinário mais adiantado, já se podia fazê-lo em tornos de carpintarias. Tem altura de aproximadamente 70 centímetro e possui uma peça solta chamada “mão de pilão”, de 60 centímetros em média. Bem conservado vai para netos e bisnetos.  No pilão pila-se café, arroz, milho, paçoca, e mil coisa das fazendas. Possui uma boca para cima e sua base é a outra boca. Bem cinturado, o pilão representa mesmo uma coisa bem feita, valiosa e atraente. Não lembro de ter visto um pilão no Museu de Santana que possui uma pedra-mó, de moer milho para xerém.

O pilão antigo da zona rural foi desaparecendo graças aos produtos industrializados. Tudo já vem pronto: é o milho desolhado, é o café torrado, é o arroz sem casca... Todos partiram para o comodismo e o pilão foi ficando esquecido e muitas vezes usado como ornamento com plantas no jardim. Aí surgiram os pilões pequenos, torneados, para pilar tempero e coisas miúdas da cozinha, mas até o tempero já vem pronto fazendo desaparecer também esse e outros modelos de pilões pequenos e maiores. Mas que é um artesanato bonito de se vê, não se pode negar. Já vi vário modelos de pilões pequenos ornamentando a casa, as prateleiras, as estantes e mesmo o centro... E como fica bem realçando o bom gosto da casa.

 

 “Vem cá cintura fina

Cintura de pilão

Vem cá cintura fina

Vem cá meu coração... (Gonzaga)

 

PILÃO (FOTO: GALERIA ALFHAVILE).