SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
RECORDANDO OS FERAS Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2024. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.146 O ano de...
RECORDANDO
OS FERAS
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de
2024.
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.146
O ano de 1986 trouxe uma novidade para Santana
do Ipanema e para toda a zona sertaneja. Era fundado na cidade, o Jornal do
Sertão, como encarte do fantasticamente famoso, Jornal de Alagoas, este último
com sede em Maceió. Ainda no início do seu desempenho, o Jornal do Sertão,
registrou o futuro lançamento de um compacto duplo por quatro jovens cantores,
amigos e unidos pela música. Exatamente no dia 7 de maio, foi lançado o disco
dos músicos santanenses: “Pangaré”, “Dotinha”, “Dênis Marques” e “Adeilson
Dantas”. O compacto duplo saiu pelo selo Beverly (Copacabana) com as músicas:
“Você chegou” de Pangaré, “Novo Horizonte”, de Dotinha (lado A, interpretadas cada
uma por seus respectivos autores).
“Galopando em Emoções” de Clerisvaldo B. Chagas
e Dênis, interpretada por Dênis e “Colorida”, de Adeilson Dantas, com o próprio
(lado B).
“O lançamento do compacto está previsto para
este mês, segundo os membros do “Som em Quatro Tempos”. Na ocasião, disse ao
Jornal do Sertão um dos quatro componentes: Foram muitos anos de luta,
esforços, fé e esperança para realizarmos este magnífico trabalho que
sonhávamos em concretizar; podendo mostrar aos alagoanos que Santana do
Ipanema, apesar de ser uma cidade do interior, tem grandes talentos da MPB.
Muito sucesso foi o trabalho dos quatro
talentos de Santana. Lá na mais na frente, Dotinha mudou-se para a cidade de
Arapiraca. Adeilson Dantas foi morar na vizinha cidade de Olho d´Água das
Flores e faleceu no acidente anos depois numa viagem de negócios à cidade de
Maravilha. Pangaré, nome do músico adotado no início de sua carreira, passou a
ser Valdo Santana e, continua cantando assim como Dênis Marques, especialista
em shows noturnos e muito amados e
admirados pelo povo sertanejo. Mesmo tendo sido registrado pelo Jornal do
Sertão, já extinto, bem como o Diário Jornal de Alagoas, mas consta o registro
na página 354 do nosso livro “O Boi, a Bota e a Batina; História Completa de
Santana do Ipanema”.
Dênis Marques segue a tradição de sempre nos
encantar com suas páginas musicais em todas as ocasiões que existam lançamento
de livros de Clerisvaldo B. Chagas.
Muita honra, muita honra, muita honra.
FOTO DO JORNAL DO SERTÃO, 1986.
SUMIU TUDO Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.145 Dez horas da manhã...
SUMIU
TUDO
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de
2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.145
Dez horas da manhã em minha rua, neste domingo
de novembro. Céu limpo, Sol forte, nem gente, nem gato, nem passarinho, nem
nada, absolutamente nada de animal ou gente na via. Rua completamente deserta
como se o povo do mundo tivesse se evaporado. Nem chega coragem de calçar os
tênis e perambular
pelos arredores. Os tênis porque a velocidade com que esse tipo de calçado
chegou ao comércio, fez desaparecer quase de uma vez os sapatos de couro. Foi
mais uma profissão extinta, a do engraxate ou engraxador como dizia ser o
correto, o professor de Português e Matemática, bancário Antônio Dias. Os
inúmeros engraxates que havia no sertão e que lutavam por alguns trocados
contra a fome de tempos difíceis, representavam os jovens pobres da periferia.
O primeiro golpe nos jovens que tentavam
sobreviver, foi o surgimento do sapato de verniz. Esse, não precisava graxa,
tic-tac e nem outros cuidados oferecidos pelos engraxadores. Aquele número grande desses profissionais que
se acumulava na Praça Coronel Manoel Rodrigues da Rocha, muitas vezes ficava
sufocado com tantos sapatos masculinos e femininos que faziam montes perto dos
bancos de cimento. Porém, o tempo que tudo renova, fez chegar o sapato de
tecido que foi ficando cada vez mais atraente e usado com a força da
propaganda. Chegou para ficar tal o Jean, de origem americana. Golpeados
engraxates, golpeados alfaiates. Tudo em extinção. Muitas classes procurando
outras atividades que também logo serão extintas.
Essas extinções de engraxates, de alfaiate, fazem
desparecer outros profissionais: retelhadores, tangedor de burro, a espanadador
da casa, flandreleiro, quebra-queixo, puxa, comprador de cinzas, sola, curtumes
e vigias de praça. E a medida que o tempo vai passando, vai desaparecendo
outras profissões que mostravam ser atualizadas, mas não eram. Tá ruim a coisa por que ninguém consegue se
dedicar a uma profissão que dure toda vida. E as tecnologias numa velocidade
incrível vai esmerilhando tudo.
Por que pensar tanto no futuro!
MINHA RUA (B. CHAGAS).
EU NÃO ENTENDIA Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.144 . Acho que...
EU NÃO
ENTENDIA
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de
2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.144.
Acho que eu poderia dizer que a barragem
iinaugurada no rio Ipanema, em 1951,
não teve muita utilidade, apesar do grande esforço do DNOCS, seu construtor.
Sim, que foi um aproveitamento da construção da ponte (que até hoje serve),
entretanto a alegação de que seria a barragem para abastecer d’água a cidade de
Santana, não se mostrou eficiente na prática. Na época, Santana do Ipanema
ainda não possuía água encanada e toda ela vinha das cacimbas do rio seco.
Porém, vimos poucos caminhões pegando água na barragem. Quase uma raridade. A
barragem servia mesmo para a pesca sem nenhum critério e, principalmente de
farristas que saíam a pé do Centro da cidade, venciam os dois quilômetros até
ali e iam beber debaixo da ponte.
Mas também não entendia sobre o açude do Bode,
também construído pelo DNOCS, nos anos 50 com a mesma finalidade. Muito pequeno
o número de caminhões que às vezes chegava para pegar água no açude. Contudo a
cidade continuava, com mais de cem jumentos com ancoretas, abastecendo as
residências com o líquido salobro das cacimbas do rio. Onde estava o erro? Como
disse acima, não entendia o porquê? Praticamente ociosas essas duas importantes
fontes de água, continuaram assim até a chegada da água encanada em 1966. A
barragem foi assoreada pela chegada de areia grossa das constantes cheia do rio
Ipanema. O açude do bode, nunca recebeu dragagem, pelo menos com alguma
divulgação nunca teve.
Quanto a ponte sobre a barragem do rio Ipanema,
continua com a mesma firmeza de quando foi construída. Acontece que nunca foi
modificada em nenhum aspecto e a sua estreiteza não é compatível mais com o
intenso tráfego Sertão – Alto-Sertão, bairros Clima Bom, Barragem – Centro. Uma
loucura para carretas e pedestres. A quem apelar? A quem gritar? A lentidão com
que o progresso chega ao interior é irritante. Há muito a ponte de rodagem de
Dois Riachos foi substituída por uma nova. E por que continuamos com a ponte década
do carro de boi? Olhe que estamos falando sobre uma das rodovias mais
importantes de Brasil, a BR-316.
Continuo sem entender.
PONTE
SOBRE O RIO IPANEMA (FOTO: LIVRO 230).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.