domingo, 4 de janeiro de 2015

RACHANDO TUDO



RACHANDO TUDO
Clerisvaldo B. Chagas, 5 de janeiro de 2015
Crônica Nº 1.338

Chegada a Santana, vindo de Pão de Açúcar. Foto: (Clerisvaldo).
Cabra velho, o Sol de ontem (domingo), se fosse usar a linguagem das ruas, botou fedendo no Sertão. Era fogo vivo lá em cima, fogo aceso cá em baixo. Isso foi me lembrando a nossa excursão no mesmo janeiro há quase trinta anos atrás. Uma descida a pé através do leito seco do rio Ipanema, visando à metade do percurso. O janeiro da outra metade da excursão também foi assim. Aquilo não era sol de semiárido, era sol de deserto mesmo.
Animado para percorrer as trilhas da periferia, como sempre faço, não encontrei apoio algum. As ruas estavam desertas, próximo do meio-dia, cada um entocado nas sombras das suas residências ou nos alpendres das casas de fazendas e chácaras da região. Sem praia, sem balneário, sem algo mais para o domingo, o sertanejo não tinha coragem nem de usar a piscina caseira. Mesmo assim arrisquei uma estirada até a saída Santana ─ Pão de Açúcar, tentando capturar algumas imagens interessantes. A altíssima temperatura deixou-me sozinho no meio do asfalto da periferia vendo os montes precisando novas trovoadas para escaparem da queimada.
Estirando a vista em direção à cidade, fui usar outra expressão matuta em não avistar um só pedestre por ali, vou embora: “É o cão quem fica!”.
Janeiro já provou que é valente. Não é à toa que é o primeiro mês do ano. E do jeito que está por aqui, até automóvel tem que ser com ar condicionado, “topado”, como diz a malandragem. Livrando-nos dos raios matadores das tempestades, estamos precisando urgente das águas do céu, sem tragédias, sem choro e sem velas. Refrescar é preciso, pois as contas de energia nos cercam cada vez mais ameaçadoras. Ventiladores já não estão servindo e aquele arzinho abençoado é excelente compulsivo na gastança.
Desistente da periferia, vamos aguardar ocasião propícia para caminhadas que nos acalentam, mas com essa temperatura, só para quem tem couro de boi. Corro para o banho de chuveiro e, lá fora, deixo o Sol rachando tudo.


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