DONDE
VEM ESSE POETA?
Clerisvaldo B.
Chagas, 15 de janeiro de 2019
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
“Crônica”: 2.038
XILOGRAVURA: MARCELO ALVES SOARES |
Mais
uma vez mergulhando no mundo encantado dos repentistas, vamos para três
passagens que nos repasses orais, vão perdendo seus autores.
Estava
havendo uma cantoria de pé de perede, quando algumas pessoas entraram na sala
do desafio. Um dos poetas disse nos seus versos que a “trinca chegaram”. O
companheiro rebateu imediatamente:
“Dizer a trinca chegaram
É erro de português
E mesmo só se diz trinca
Se a turma for de três
Donde vem esse poeta
Com dois erros duma vez?”.
Entrou
em cena a filosofia cabocla quando dois cantadores cantavam sobre uma seca que
teria acontecido no Maranhão. Um deles terminou a estrofe:
...Quase tudo se acabando.
O
parceiro pegou a deixa fazendo uma estrofe de rima difícil, rica, rara e
filosófica:
“Eu tava me sustentando
De fruta de macaúba
Mas o galho ficou alto
Eu não conheço quem suba
De vara ninguém alcança
De pedra ninguém derruba”.
Em
uma cantoria na roça chegava a hora dos elogios, isto é, elogiar as pessoas
para arrecadar o dinheiro. Cada um que colocasse notas altas no prato da
arrecadação. Foi aí que um pobrezinho chamado Joaquim, depositou o que possuía:
apenas uma cédula amassada de um real. O repentista humilhou o coitado para não
perder a verve:
“Parece
que seu Joaquim
Passou
a noite no mato
Com
uma faca amolada
Tirando
couro de rato
Deixou
o rato sem couro
Botou
o couro no prato”.
FIM
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