FUSCÃO PRETO
(Clerisvaldo B. Chagas. 5.11.2009)
Meu amigo José morava no quadro do comércio de Santana do Ipanema, Alagoas. Durante a festa da padroeira Senhora Santa Ana, nunca faltam barracas de bebidas que concorrem com os bares fixos. São nove noites bem movimentadas entre o religioso e o profano. As barracas são bastante procuradas e quase sempre amanhecem na força do movimento. Em uma daquelas noites meu amigo José cismou e não saiu à rua. Acontece que havia uma dessas barracas a cem metros da sua residência que não o deixava dormir. Estava nas paradas à conhecida música “Fuscão Preto” que fez sucesso em todas as camadas sociais. Já era a madrugada das três horas, mas o disco “Fuscão Preto” parecia enganchado. Quando o barraqueiro completou a décima quinta rodada, José tomou uma decisão. “Hoje aquele peste me paga. Tá pensando o quê? Ele é o dono da festa, por acaso? José pegou uma 765, encheu de balas, coloco-a na cinta e saiu pensando: “Vou atirar no som, nos peitos do dono e até na p... da mãe dele se ela aparecer. Não... É melhor ir devagar. Vou conversar logo mansinho com o cara, mas se o sacana se alterar, aí eu lhe esfrego essa pistola na venta e pronto”.
José abriu a porta da frente e não viu quase ninguém na rua. Cada passo dado, um pensamento novo. Passou o vigia da praça, dobrou a esquina uma piniqueira, mas o “Fuscão Preto” não parava de rodar. José levou a mão à cintura, apertou a coronha, sentiu-se mais seguro e renovou as ameaças para seus botões. Chegou perto da barraca, parou e, com os olhos fotografou o ambiente. Havia somente um casal, cujo homem parecia embriagado. E “Fuscão Preto” rodava e “Fuscão Preto” repetia e “Fuscão Preto” não parava. José chegou devagarzinho ao balcão, apoiou bem os cotovelos e antes de abrir a boca, o barraqueiro adiantou-se com sorriso largo: “Seu José, o senhor por aqui. Como foi bom ter chegado! Eu já estou que não aguento com aquele cidadão pedindo ‘Fuscão Preto’ o tempo todo. Mande às ordens”.
A raiva do meu amigo foi amaciada 50%. José olhou para o casal, o homem estava de cabeça baixa. Entretanto, a mulher, “morenona” criada à base do cuscuz com leite, aboticou os olhos para o seu lado. A raiva do meu amigo foi amaciada em 25%. Para completar, José que gostava dessas oportunidades, teve vontade de beber. A raiva do meu amigo foi amaciada em mais 25%. Foi quando a mulher sorriu de lá, ele respondeu dali e achou que havia completado os 100. José perguntou através da mímica, se ela estava gostando da música. A morena levantou o polegar e o barraqueiro destampou uma cerveja à mesa do casal. Aí o meu amigo José, com certeza da transformação e da vitória, chamou o dono da espelunca e disse. “Joaquim, também quero dar lucro ao seu bar, mas tem uma coisa: só me traga uma daquelas geladinhas se você me deixar ouvir o “Fuscão Preto”. O barraqueiro bateu com as duas mãos na tábua, aumentou o tamanho da boca de jiboia e gritou animado: “Eita, peste! Enquanto o primeiro freguês cochilava, sumiu a morena da mesa, desapareceu meu amigo José. As cervejas ficaram pela metade, o dia queria amanhecer, e até umas horas, reinou pleno, absoluto e abusado, só o “pito” do velho “FUSCÃO PRETO”.
(Clerisvaldo B. Chagas. 5.11.2009)
Meu amigo José morava no quadro do comércio de Santana do Ipanema, Alagoas. Durante a festa da padroeira Senhora Santa Ana, nunca faltam barracas de bebidas que concorrem com os bares fixos. São nove noites bem movimentadas entre o religioso e o profano. As barracas são bastante procuradas e quase sempre amanhecem na força do movimento. Em uma daquelas noites meu amigo José cismou e não saiu à rua. Acontece que havia uma dessas barracas a cem metros da sua residência que não o deixava dormir. Estava nas paradas à conhecida música “Fuscão Preto” que fez sucesso em todas as camadas sociais. Já era a madrugada das três horas, mas o disco “Fuscão Preto” parecia enganchado. Quando o barraqueiro completou a décima quinta rodada, José tomou uma decisão. “Hoje aquele peste me paga. Tá pensando o quê? Ele é o dono da festa, por acaso? José pegou uma 765, encheu de balas, coloco-a na cinta e saiu pensando: “Vou atirar no som, nos peitos do dono e até na p... da mãe dele se ela aparecer. Não... É melhor ir devagar. Vou conversar logo mansinho com o cara, mas se o sacana se alterar, aí eu lhe esfrego essa pistola na venta e pronto”.
José abriu a porta da frente e não viu quase ninguém na rua. Cada passo dado, um pensamento novo. Passou o vigia da praça, dobrou a esquina uma piniqueira, mas o “Fuscão Preto” não parava de rodar. José levou a mão à cintura, apertou a coronha, sentiu-se mais seguro e renovou as ameaças para seus botões. Chegou perto da barraca, parou e, com os olhos fotografou o ambiente. Havia somente um casal, cujo homem parecia embriagado. E “Fuscão Preto” rodava e “Fuscão Preto” repetia e “Fuscão Preto” não parava. José chegou devagarzinho ao balcão, apoiou bem os cotovelos e antes de abrir a boca, o barraqueiro adiantou-se com sorriso largo: “Seu José, o senhor por aqui. Como foi bom ter chegado! Eu já estou que não aguento com aquele cidadão pedindo ‘Fuscão Preto’ o tempo todo. Mande às ordens”.
A raiva do meu amigo foi amaciada 50%. José olhou para o casal, o homem estava de cabeça baixa. Entretanto, a mulher, “morenona” criada à base do cuscuz com leite, aboticou os olhos para o seu lado. A raiva do meu amigo foi amaciada em 25%. Para completar, José que gostava dessas oportunidades, teve vontade de beber. A raiva do meu amigo foi amaciada em mais 25%. Foi quando a mulher sorriu de lá, ele respondeu dali e achou que havia completado os 100. José perguntou através da mímica, se ela estava gostando da música. A morena levantou o polegar e o barraqueiro destampou uma cerveja à mesa do casal. Aí o meu amigo José, com certeza da transformação e da vitória, chamou o dono da espelunca e disse. “Joaquim, também quero dar lucro ao seu bar, mas tem uma coisa: só me traga uma daquelas geladinhas se você me deixar ouvir o “Fuscão Preto”. O barraqueiro bateu com as duas mãos na tábua, aumentou o tamanho da boca de jiboia e gritou animado: “Eita, peste! Enquanto o primeiro freguês cochilava, sumiu a morena da mesa, desapareceu meu amigo José. As cervejas ficaram pela metade, o dia queria amanhecer, e até umas horas, reinou pleno, absoluto e abusado, só o “pito” do velho “FUSCÃO PRETO”.
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