PAIXÕES
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de abril de 2012.
Esqueci as paixões desencontradas
Nos facheiros, quipás e alastradosUm amor perigoso que eu queria
Feroz resistente abrasadorMachucava o caboclo aboiador
Que até meu gibão não resistia
O desejo chegava todo dia
Vendo a dona correndo pelos prados
Meus sentidos bastante aguçados
Mergulhavam nas curvas desenhadas
Esqueci as paixões desencontradas
Nos facheiros, quipás e alastrados.
Seios róseos em corpos sedutores
Mamilos em lábios de vaqueiroBeijos quentes pacaia no cinzeiro
Aconchegos, abraços matadores
Coxas grossas razões dos sonhadores
Nos colchões já velhos desgastados
Pra fugir dos caminhos mal formados
Das volúpias vilãs fragmentadas
Esqueci as paixões desencontradas
Nos facheiros, quipás e alastrados.
Pra correr do noturno das falenas
Das quimeras fatais das afroditesVênus, dulcineias e judites
Rosas, margaridas ou verbenas
Das loucuras peguei essas pequenas
Que trago nos bornais atravessados
Na garupa do corcel que tanjo os gados
Nas carreiras que dou sob as galhadas
Esqueci as paixões desencontradas
Nos facheiros, quipás e alastrados.
Nas ferras das reses da fazenda
Nas cordas roídas dos curraisNos espinhos dos rasos carrascais
Nos caldos mais doces da moenda
Nas cavernas, nas grotas ou na senda
Que conduz aos garrotes casteados
Nas fogueiras das noites nos roçados
Nas estrelas que brilham madrugadas
Esqueci as paixões desencontradas
Nos facheiros, quipás e alastrados.
*
Do livro: "Colibris do Camoxinga; poesia selvagem" (breve).
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