domingo, 8 de abril de 2012

JESUS VIROU BEBÃO

JESUS VIROU BEBÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de abril de 2012.

           A infelicidade do ator Tiago Klimeck, em Itararé, São Paulo, foi mais uma das coisas estranhas que se contam a respeito das encenações da Paixão do Cristo. Muitos falam de episódios sobrenaturais sobre o espetáculo que também é assistido por um bom número de espíritos misturados aos encarnados. Falam também da própria intervenção divina em certas partes comoventes que mexem em profundidade com a vida particular de atores que imitam o Cristo. Assim como descrevem coisas comoventes, surgem também as partes divertidas maquinadas pelos encarnados mesmo. No caso do ator Tiago, ele se enforcou de verdade em confundir determinadas cordas. Como fazia parte do espetáculo, o ator ficou desacordado e ninguém percebeu, pois estava escrito na cena. Descoberto o acidente, Klimeck foi levado ainda com vida para o hospital, porém, em estado grave.
          Na banda hilariante, falam que certa feita, numa encenação da Paixão do Cristo, o ator principal adoeceu, justamente no dia da estreia. Um viciado em álcool, que amava o teatro e assistia aos ensaios todos os dias, vendo o aperreio da trupe, ofereceu-se para fazer o papel de Jesus. Sem alternativa, o homem foi aceito. O teatro estava lotado e comovido com o desempenho do “filho de Deus” que dava um espetáculo interpretativo. Na hora da crucificação, porém, o pseud.(o) ator sentiu a necessidade fremente do álcool. Um camarada mais experiente que fazia o papel de soldado romano, vendo o aperreio do crucificado, passava álcool em um algodão quando ele pedia água. Mas o pouco de álcool, não dava nem para molhar os lábios de “Jesus”, apenas estimulava mais ainda o viciado. O ator estava louco para beber, diante de uma plateia religiosa que vinha às lágrimas. Não podendo mais se controlar diante do figurino, o ator improvisado não resistiu ao cheiro do álcool no algodão, mais uma vez para acalmá-lo, e levantando a cabeça no mais veemente protesto possível, gritou para os companheiros: “Eu quero é cachaça, rebanho de peste!”. Onde diabo já se viu um Cristo pedindo cachaça! Foi gente espanar para tudo quanto é canto num apavoramento triste! Acabou-se o espetáculo.
          Minutos depois o “Jesus” arrependido foi encontrado acalmando os nervos no lotado boteco da esquina. Literalmente o “filho de Deus” acabava de trocar a vida eterna por uma dose da branquinha. No outro dia, a parede do teatro amanheceu pichada: “JESUS VIROU BEBÃO”. 









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