O CABURÉ DO SERTÃO
Clerisvaldo
B. Chagas, 2 de abril de 2018
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica 1.870
Povoando praticamente
o Brasil inteiro, podemos encontrar o Glaucidium
brasilianum, a pequena coruja brasileira, no sertão nordestino. Também chamada
caburé, o caburé miudinho, Glaucidium
minutissimum, recebe nome pejorativo com vários significados. Mede 16,5 cm,
possui duas colorações de plumagem e sabe confundir a sua presa. O caburé
alimenta-se de outras aves como pardais e sanhaçu, insetos, rãs, lagartixas,
pequenas cobras e às vezes, beija-flor. Gosta de ficar em lugar mais alto de
onde sai o voo para capturar com as garras. Quando sua presença é notada por
outras aves, estas fazem um alarido, denunciando sua presença. Tem a voz numa
sequência mais devagar e emite 10 a 60 assobios.
O voo do caburé é
ruidoso, contrariando a espécie. Põe 2 a 5 ovos brancos, gosta de fazer ninhos
em buracos de árvores. Todavia faz morada em buracos de parede e barrancos.
Gosta de agir diurnamente e no crepúsculo. Habita as bordas das florestas,
várzeas e copas de árvores. Mas o Caburé também gosta de fazer ninhos em
cupinzeiros de 4 a 6 metros do chão e, abandonados por outras aves. Ele é ativo
dia e noite e canta pelo dia. Com frequência avista-se o caburé em mourões de
cercas e nas fiações elétricas. Atrás da cabeça tem face falsa para enganar
pessoas e animais. Quando completamente imóvel, como estratégia, não é fácil de
ser notado. Suas sobrancelhas são brancas com destaques.
Nas brincadeiras e
piadas do sertão, o sertanejo gozador aponta o caburé como sendo o amante à
espreita da mulher casada infiel. Também se faz referência às pessoas feias com
a expressão: “Parece um caburé-de-‘urêia’ (orelha)”. Algumas localidades
sertanejas possuem essa denominação. Também se aplica o termo à pessoa da roça,
ao matuto das brenhas, como brincadeira normal do cotidiano.
E para você, casado,
que gosta muito de viver farreando fora de casa, tenha cuidado com o CABURÉ.
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