O TREM     Clerisvaldo B. Chagas, 18 de janeiro de 2012           Lá pelo final dos anos cinquenta, aproximadamente, vários jovens desta...

O TREM

O TREM   
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de janeiro de 2012

          Lá pelo final dos anos cinquenta, aproximadamente, vários jovens destacavam-se na sociedade santanense, alguns carregando seus respectivos apelidos. Como eu tinha apenas dez ou doze anos, mantinha uma distância enorme dessa plêiade que não exibia alguém menor de dezessete. Caso de apelido, todos conhecem. Uns são indiferentes, outros partem para matar. Lembro que dois jovens estudantes do Ginásio Santana, entraram em conflito na Praça da Bandeira, quando o apelidado não gostou e foi buscar um punhal para atacar o jovem Hugo de José Maximiliano. Quase acontece uma desgraça. O apelido, porém, nunca saiu das costas desse cidadão que é hoje empresário e bastante conhecido em Santana. Entre outros, também existe um comerciante que entrou na brincadeira que se exaspera e pode cometer loucura se você chamá-lo pelo vulgo. Porém, o palhaço de um circo que esteve na cidade, muito talentoso, parodiou um “frevo”, com os apelidos dos rapazes. Os frevos estavam em voga, na época e não paravam de tocar nos serviços de alto falantes, como uma praga. Alguém deu para o palhaço o apelido dos rapazes (alguns frequentadores dos cabarés da cidade, onde faziam farra com as prostitutas, inclusive formando o famoso trenzinho).
          Durante uma das noites, o circo estava lotado, quando chegou à vez do palhaço cantor. Esse jogou a bomba que para muitos é proibitiva até hoje. Numa perfeição incrível com a letra original do frevo, cantou e o circo quase veio abaixo:


“Zé Pinto
Cadê Agilson,
Chama logo o maquinista
Vamos à estação;
Josa é a máquina
Genival é o condutor
Henaldo é o foguista
Guarda-freio é Zé Yoyô;
Com a luz apagada
A turma agarrada
Passa a brincar de trem;
Zé Torreiro entra afobado
Trazendo João Badalo
Agarrado no seu pão;
Vamos, vamos, minha gente
Que o Porronca já chegou
Bolinha está acolá
Djalma a gaguejar
Que o trem já vai parar”.

 É pena não recordar o nome do frevo. Esse assunto já foi abordado por outro escritor, inclusive participante da música. Estou lembrando o assunto, mas sei que ainda hoje tem personagem aí que pode correr atrás do saudosista como vaca braba do sertão. Fui. Cansei de esperar O TREM.












ERA UM LUXO DA PESTE!                Clerisvaldo B. Chagas, 17 de janeiro de 2012   Para muita gente o navio Costa Concordia nem existe,...

ERA UM LUXO DA PESTE!

ERA UM LUXO DA PESTE!
              Clerisvaldo B. Chagas, 17 de janeiro de 2012

 Para muita gente o navio Costa Concordia nem existe, pelo seu alto luxo e toda engenharia proibitiva desafiadores dos simples mortais. O seu tombo em águas italianas vai lembrando grandes tragédias de outras famosas embarcações nos mares do Norte ou mesmo em rios que sustentavam o alto luxo e o orgulho ao mesmo tempo, desafiadores qual torre de babel, a zombar de um Deus inexistente. A vaidade humana, ao bater o olho diante de tão sofisticada máquina de navegar, rende-se ao capricho, duvidando sim senhor que ali não seja um céu verdadeiro e particular onde mora o sentimento felicidade. Se falarmos na capacidade de abrigar pessoas, o Concordia tinha capacidade para 3.780 passageiros juntamente com uma tripulação de mais de mil membros. Além disso, havia quatro piscinas, quadras de tênis, futebol, basquete, vôlei e academia de ginástica. Cinco restaurantes e treze bares matavam a fome e podiam sustentar o vício de quem quer que fosse durante a temporada no cruzeiro. Quanto aos camarotes, havia apenas mil e quinhentos deles, centenas com varanda para o deleite dos privilegiados mortais.
         Custa também a acreditar que uma “belezura” dessa tenha sido entregue a um irresponsável como foi amplamente divulgado após as primeiras impressões. Diante do que vai sendo mostrado, esse comandante parece carregar todos os pecados de um amador, de um bêbado, um débil mental, um receptor de loucura repentina, ou um planejador de mortes coletivas. As ações insanas do comandante são mais fantásticas do que a própria estrutura do navio. Falam em seis pessoas mortas e 69 desaparecidas até agora, numa noite de grande prazer que virou pesadelo profundo bruscamente. O rei dos mares, diante do orgulho de tantos que trabalharam para fazê-lo existir, vai ao fundo do mar com um simples bico de pedra que lhe rasga as entranhas. De fato a bruxa está solta para os lados elitistas da Europa.
          Agora vem o segundo ato com a ameaça ecológica pelos arredores. O óleo pesado do navio ameaça a ilha de Giglio, com seus moradores entre 500 e 5.000 pessoas em temperadas. Além disso, falam que ali existe um santuário de baleias que não precisa de petróleo nenhum para mover seus animais. Retirar os destroços do navio do imprensado onde ele se meteu, está gerando preocupação e nervosismo em todas as partes interessadas.
        Conversando com um visitante a minha casa, este fazia comparação entre o mundo quase irreal do navio e uma pessoa riquíssima à custa do alheio, cujo mundo desaba de repente. Até o visitante pareceu absorto, quando deixou escapar baixinho, a frase derradeira: ERA UM LUXO DA PESTE!

BYE BYE INGLATERRA Clerisvaldo B. Chagas, 16 de janeiro de 2012           Revolução Industrial começou na Inglaterra, com vários fatores co...

BYE, BYE, INGLATERRA

BYE BYE INGLATERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de janeiro de 2012

          Revolução Industrial começou na Inglaterra, com vários fatores contribuindo para esse pioneirismo inglês. O acúmulo de capitais foi um deles, consequência das grandes expedições marítimas financiadas pela burguesia que fez expandir o comércio. No campo, os donos do capital passaram a investir melhorando a produção, mas provocando o êxito do trabalhador para a cidade, para os trabalhos duros das fábricas. Outros fatores como a posição geográfica, o crescimento da população, foram decisivos nesse processo. Porém, importante mesmo foram as jazidas de carvão que impulsionaram as máquinas baseadas no carvão mineral. Os outros países da Europa só contavam com o carvão de madeira, comum. O capitalismo se consolidou definitivamente com a Revolução Industrial, que foi substituindo o comércio como principal setor de acumulação de riquezas. Não restam dúvidas de que esse progresso industrial foi realizado com grande exploração sobre a nova classe operária, em diversos sentidos. Com a consolidação da indústria na Inglaterra, esse setor produtivo vai aos poucos se espalhando por outros países vizinhos e chega ao Japão e Estados Unidos.
          Com seu capital, indústria e marinha poderosa, a Inglaterra passa a fazer o papel que os Estados Unidos fizeram após a Segunda Guerra, com seu ar de burguesia dominando e influindo no mundo inteiro. Inúmeros episódios Inglaterra/Brasil não nos trazem boas lembranças. Sua liderança foi substituída pela nação americana, a Inglaterra estruturou-se, conseguiu um excelente padrão de vida para a sua população, mas há certo tempo parecia estagnada.
          Independente da crise europeia, a dinâmica brasileira pegou ritmo, expandindo essa consolidação não somente no mercado interno, mas fazendo ver ao mundo que alguma coisa diferente estava acontecendo, fora da rotina capitalista que bocejava na Europa Ocidental, Central e Meridional. Essas sucessivas cravadas posições do Brasil trouxeram agora a 6ª posição econômica mundial para nós, quando a nossa marinha do PIB, atropelou a velha marinha da Inglaterra. Tomamos dos ingleses, ex-donos do mundo, a 6ª posição. Em breve seremos a 5ª potência mundial, ultrapassando também a França, mas dizem que perderemos depois a posição para a Índia. Que seja! Mas não vamos sofrer por antecipação. É bom saber que são poucos os que estão hoje  a nossa frente como os Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França. Para não ficar muito triste, nem também muito eufórico, basta o Brasil levantar a bandeirinha verde e amarela e agitar com aquele sorriso maroto: BYE, BYE, INGLATERRA.