terça-feira, 17 de janeiro de 2012

ERA UM LUXO DA PESTE!

ERA UM LUXO DA PESTE!
              Clerisvaldo B. Chagas, 17 de janeiro de 2012

 Para muita gente o navio Costa Concordia nem existe, pelo seu alto luxo e toda engenharia proibitiva desafiadores dos simples mortais. O seu tombo em águas italianas vai lembrando grandes tragédias de outras famosas embarcações nos mares do Norte ou mesmo em rios que sustentavam o alto luxo e o orgulho ao mesmo tempo, desafiadores qual torre de babel, a zombar de um Deus inexistente. A vaidade humana, ao bater o olho diante de tão sofisticada máquina de navegar, rende-se ao capricho, duvidando sim senhor que ali não seja um céu verdadeiro e particular onde mora o sentimento felicidade. Se falarmos na capacidade de abrigar pessoas, o Concordia tinha capacidade para 3.780 passageiros juntamente com uma tripulação de mais de mil membros. Além disso, havia quatro piscinas, quadras de tênis, futebol, basquete, vôlei e academia de ginástica. Cinco restaurantes e treze bares matavam a fome e podiam sustentar o vício de quem quer que fosse durante a temporada no cruzeiro. Quanto aos camarotes, havia apenas mil e quinhentos deles, centenas com varanda para o deleite dos privilegiados mortais.
         Custa também a acreditar que uma “belezura” dessa tenha sido entregue a um irresponsável como foi amplamente divulgado após as primeiras impressões. Diante do que vai sendo mostrado, esse comandante parece carregar todos os pecados de um amador, de um bêbado, um débil mental, um receptor de loucura repentina, ou um planejador de mortes coletivas. As ações insanas do comandante são mais fantásticas do que a própria estrutura do navio. Falam em seis pessoas mortas e 69 desaparecidas até agora, numa noite de grande prazer que virou pesadelo profundo bruscamente. O rei dos mares, diante do orgulho de tantos que trabalharam para fazê-lo existir, vai ao fundo do mar com um simples bico de pedra que lhe rasga as entranhas. De fato a bruxa está solta para os lados elitistas da Europa.
          Agora vem o segundo ato com a ameaça ecológica pelos arredores. O óleo pesado do navio ameaça a ilha de Giglio, com seus moradores entre 500 e 5.000 pessoas em temperadas. Além disso, falam que ali existe um santuário de baleias que não precisa de petróleo nenhum para mover seus animais. Retirar os destroços do navio do imprensado onde ele se meteu, está gerando preocupação e nervosismo em todas as partes interessadas.
        Conversando com um visitante a minha casa, este fazia comparação entre o mundo quase irreal do navio e uma pessoa riquíssima à custa do alheio, cujo mundo desaba de repente. Até o visitante pareceu absorto, quando deixou escapar baixinho, a frase derradeira: ERA UM LUXO DA PESTE!

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