quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

BALA VAI E BALA VEM

BALA VAI E BALA VEM
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de janeiro de 2012

          Cada pessoa tem um ponto de vista, maneira própria de sentir as coisas que a cercam. Pode até ser apenas impressão, mas nos parece que àquela fase aguda em que havia sempre um perigoso em cada bairro, o dono do pedaço, o terror dos trabalhadores, ou acabou ou diminuiu drasticamente em Santana do Ipanema. Ninguém podia circular na Floresta a partir das 20 horas, na região acima da Escola Lions. Os bandidos chamavam os transeuntes de otários. No Lajeiro Grande, bairro da região alta de Santana, todos os dias surgiam mais uma cobrinha, algumas com atuações no próprio bairro e na área rural, apavorando a população pacata e indefesa. Lideranças do mal surgiam como concorrentes na Lagoa do Junco, na Rua da Praia, no Artur Morais e mesmo na Rua Santa Quitéria conhecida por seu contingente de pessoas do trabalho. Essa impressão de quietude geral que chega até nós (não a dos assaltos e assassinatos) parece ser fruto de uma “limpeza” feita na cidade, não se sabe ao certo por quem. Polícia? Grupo de extermínio? Charlie Bronson isolado? Ação educativa das comunidades?
          Pelo menos essa aparente quietude vai permitindo ao santanense um fôlego maior em busca de qualidade de vida. Entretanto, a concorrência do mal também parece ter resistido mais forte no chamado Bairro Artur Morais. Trata-se, na verdade, de um aglomerado que dá suporte ao fundo do comércio da Rua Tertuliano Nepomuceno, cortado pelo riacho Camoxinga, no trecho, apenas um grande esgoto a céu aberto. Antes, lugar chamado “Matança”, onde se abatia os bovinos, agora um pequeno emaranhado de ruas estreitas, calçadas, que não escondem a pobreza do baixio. Bem muito antes, o Largo do Maracanã era a “menina dos olhos” da delegacia de polícia. Um sucesso de ocorrências que saía a frente entre todos os outros locais da “Rainha do Sertão”. Nos novos tempos, o Bairro Artur Morais entrou e gostou da mídia que estampa com frequência suas figuras grotescas do tráfico e do crime da pistola. Gente vai ficando famosa no mundo da bandidagem, adquirindo prestígio, graças aos novos meios de comunicação. Recentemente saiu uma nomeação engraçada dos personagens do Artur.
          Os moradores honestos que enfrentam a luta diariamente vão vivendo num imprensado perigoso. Não muito longe dali, está situada a delegacia na parte mais alta do Aterro. Conforme informações, o prédio vai caindo aos pedaços e os presos furam as paredes com cabos de vassouras. De qualquer maneira interessava a nós a boa notícia na melhoria das arruaças dos bairros. Aguardamos com esperança que o Artur Morais também seja pacificado. Por enquanto, para quem aprecia o sistema de quentura, pode descer pela Rua do Barulho, Ponte do Urubu, passagem molhada, para fazer poemas esquisitos ou simplesmente degustar: BALA VAI E BALA VEM.

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