PROFESSOR CARLÃO Clerisvaldo B. Chagas, 26 de dezembro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.030 Professor C...

PROFESSOR CARLÃO


PROFESSOR CARLÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.030

Professor Carlão. (Foto: SINTEAL).
Passei certo tempo como diretor da Escola Estadual Professor Mileno Ferreira, em Santana do Ipanema. Numa época em que a escola estava desacreditada; chamado para moralizar o estabelecimento, fomos o primeiro diretor eleito pelos diversos segmentos escolares. Todo o nosso trabalho ficou registrado particular e oficialmente. Você pode imaginar a série de trabalho própria do cargo público quando se trata de domar tantos vícios existentes. Sempre fui o primeiro a chegar e o último a sair nos três turnos oferecidos. Muita inveja e muitos passos de alguns servidores em busca de vantagens. Caso fôssemos elaborar relatório negativo, seria um triste relatório.   
Mas não resolvi falar de gente péssima, mas sim dos profissionais honestos que encontrei pela frente. Não de todos, mas, pelo menos de um deles que trabalhava nos Serviços Gerais, principalmente na limpeza. Trata-se do moreno alto e pau para toda obra, Carlos Sampaio que me ajudou espontaneamente na parte física do Colégio. Carlos Sampaio, filho do conhecido Carlos de Filemon, jamais negou ajuda ao diretor, sendo um braço forte lá dentro na sua área de trabalho. Deixei a Escola e Carlos segurou algumas oportunidades de estudos e foi aos poucos galgando degraus com seus esforços e apostas no futuro. Chegou a ser presidente local do SINTEAL, assim como fui no passado.
Aproveitando todas as oportunidades, Carlão continuou estudando. Nunca mais o havia visto, mas quando nos encontramos, foi para mim uma alegria medonha. Carlos, outrora o homem da vassoura, no momento professor, meu colega de profissão, trabalhando tranquilamente em dois municípios. Fiquei muito orgulhoso por ele e sua força de vontade em progredir. Essa homenagem à sua pessoa aproveita o final de 2018, para apontar um homem humilde, decente, que venceu graças aos seus méritos. Tenho orgulho do que passamos juntos e aponto a grande força do meu atual colega, como um exemplo de alto relevo na alma do indivíduo. Abraços, Carlos Sampaio (Carlão) por tudo que você mereceu e merece.
                                                                                                            
                                                                                  



CANGAÇO: MORTES E ENTREGAS EM ALAGOAS Clerisvaldo B. Chagas, 24 de dezembro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2...

CANAGAÇO, MORTES E ENTREGAS EM ALAGOAS


CANGAÇO: MORTES E ENTREGAS EM ALAGOAS
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.029 

Para quem gosta de coisas do cangaço:

·         Entregues à polícia de Alagoas: 18.10.38. Grupo de Pancada: Pancada, Maria Jovina, Vinte e Cinco, Cobra Verde, Peitica, Vila Nova II mais Santa Cruz.
·         Em 27.12.38. Pedra Roxa, Quitéria, Velocidade e Barra de Aço.
·         Português: antes de Pedra Roxa.

 Cangaceiros mortos em Alagoas:
·         Manoel Porcino – 1922. Pedra/Piranhas.
·         Chá Preto I – 1925. Mata Grande.
·         Sabiá – 1925. Mata Grande.
·         Asa Negra – 1925. Serrote Preto (Água Branca).
·         Corró – 1925. Serrote Preto (Água Branca).
·         Curió – 1925. Serrote Preto (Água Branca).
·         Pensamento – 1927. Capim (Olivença).
·         Cirilo de Engrácia – 1934. Mata Grande.
·         Fortaleza – 1935. Fazenda Aroeira.
·         Limoeiro – 1935. Fazenda Aroeira.
·         Medalha – 1935. Fazenda Aroeira.
·         Suspeita – 1935. Fazenda Aroeira.
·         Pó Corante – 1936. Povoado Caboclo.
·         Gato – 1936. Piranhas.
·         Jararaca III. 1937. Pão de Açúcar.
·         Canário I – 1937. Margem do rio.
·         Ameaça – 1938. Região de Inhapi.
·         Eleonora – 1938. Região de Inhapi.
·         Serra Branca – 1938. Região de Inhapi.
·         Catingueira II – 1938. Região de Inhapi.
·         Pontaria – 1938. Região de Inhapi.
·         Atividade – 1938. Pão de Açúcar.
·         Português – 1939. Santana do Ipanema.
·         Pedra Roxa – Mata Grande (Natural).

CHAGAS, Clerisvaldo B. e FAUSTO, Marcello. Lampião em Alagoas. Grafmarques, Maceió, 2012. Págs. 431-432 e 455-456.
                                                                                                                                               

PAPO-AMARELO Clerisvaldo B. Chagas, 20 de dezembro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.028 ILUST...

PAPO-AMARELO






PAPO-AMARELO
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.028

ILUSTRAÇÃO: FLÁVIO FORNER (BBC).
PAPO-AMARELO – Página 36. Bando de jagunços chefiados por Sabino e guiado pelo rastejador Zé Praxedes, persegue um grupo de resgate nas caatingas da Bahia.

─ Oxente! Visse não os carvão da fogueira dentro do buraco? Eu disse a vocês: Tamo pelejando com rastejador do meu tamanho ou maior do que eu. É duro eu dizer isso, mas rastejador bom no mundo não só era o meu veio pai, não.
O jagunço chamado Passarinho, bebeu uma “frechada” da branquinha, animou-se e começou a cantar:

Quando Passarinho canta
toda a natureza chora
Chega logo bem-te-vi
Lavandeira e siricora...

Chega logo bem-te-vi
Lavandeira e siricora.

Como o sujeito tinha voz bonita mesmo, os outros escutavam em silêncio justificando o vulgo do comparsa:

Veja os zoio de Maria
Veja os zoio de Sinhá
A saudade dos seus zoi
Inda hoje vou matá...

A saudade dos seus zoi
Inda hoje vou matá

Depois de certo tempo com direito a sonhos, Sabino levantou-se do chão, bateu no chapéu de couro como quem tira a poeira e disse:
─ Vamo!
E os homens desceram a colina em fila cada um puxando seu respectivo animal pelo cabresto. Agora Sabino tomou à dianteira e o rastejador foi para o final do cordão.
Vagareza achava que uma das mulheres seria dona Cila e que antes da Marcação haveria combate.
No horizonte, bando de urubus fazia festa. Sabino disse:
─ Verão tá já chegando.
Vagareza falou:
─ Eu nem sei qual é o pior. Se é inverno é um frio de lascar! Se é verão, o Sol racha tudo. Como nem sou agricultor nem crio nada faço que nem Mané Guarda.
─ E o que foi que ele fez? 
─ Ele não fez, Sabino, ele só vivia arreclamando da vida. Dizia que todo mundo tinha nascido com uma estrela na testa, a dele tinha nascido no cu. “No primeiro peido que eu dei, ela voou na casa da peste!”.
Sabino riu com muito gosto e depois indagou:       

─ E tu acha que a tua estrela nasceu onde, Vagareza?
─ Home, deixa pra lá...
        Pelos arredores a rolinha branca saudava os caminhantes:
Urrrr... Urrrr...  Urrrr...