A PRIMEIRA Clerisvaldo B. Chagas, 19 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.088   A juventude de Santa...

 

A PRIMEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.088

 



A juventude de Santana talvez não saiba, mas a primeira praça da cidade que se tem notícia, foi a Praça do Centenário. O referido logradouro público foi construído na década de 20 do século passado. Apenas uma obra pequena, triangular, à base de cimento, em pleno Centro Comercial. Havia apenas três bancos, também de cimento e sem encostos, para duas pessoas, cada – dizem que foi doação do senhor Cariolando Amaral (Seu Carôla) dono de farmácia no “prédio do meio da rua”. Cada banco doado representava uma das três filhas do homem. Havia no centro da pracinha, um obelisco com um bojo quadrado perto do topo, onde ficavam as luzes que iluminavam a praça. Tempos depois colocaram ali o busto de Dom Pedro I, tudo em homenagem aos cem anos da Independência.

Tudo leva a crer que o intendente que construiu o obelisco em 1921, André Ferreira da Silva, tenha sido também o construtor da pracinha. Na década de 50, ali fora instalado um posto de gasolina do chamado senhor Nequinho. Ali também era ponto de saída e chegada da “sopa” (espécie de ônibus) da linha Santana-Maceió e, na capital o ponto de viagem era o “Hotel Lopes”, na Praça da Faculdade (Direito). Havia politicagem também no tempo de vila, da pracinha. O busto do Imperador amanheceu com uma gravata, o que provocou gargalhadas e polêmica na cidade, mas nunca descobriram que engravatou Dom Pedro I.

O largo, onde estava situada a pracinha do Centenário, passou a ser o ponto da boemia dos adultos e o lazer de crianças e adolescentes. Ali perto, vizinho a escadaria de primeiro andar do “Hotel Central”, funcionava o bar/café do Senhor Antônio Honorato, conhecido como Tonho de Macelon. Apologista de poetas repentistas e charadista insuperável. A boemia da cidade, os rapazes em evidência da época, frequentavam o seu café e a Pracinha do Centenário. Somente dez anos após a Praça do Centenário, foi construída a segundo praça pública de Santana do Ipanema, também por outro Interventor. Esta segunda praça, muito grande, foi sendo reformada com o tempo e, mostra-se hoje como é, defronte à Igreja Matriz de Senhora Santana. A priori, não se sabe, mas a Pracinha do Centenário, deve ter sido também a primeira de Todo o Sertão Alagoano.

PRAÇA DO CENTENÁRIO, 1921. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO. LIVRO 230, ICONOGRÁFICO AOS 230 ANOS DE SANTANA DO IPANEMA).

 

  DELFIM NETO Clerisvaldo B. Chagas, 13 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.087     Foi anunciada a m...

 

DELFIM NETO

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.087

 



 Foi anunciada a morte do ex-ministro Delfim Neto, com 96 anos de idade. Pois bem, sem querer ofender a memória do ex-ministro, vamos recordar uma das estrofes mais perfeitas dos repentistas nordestinos.  A inflação estava altíssima. Todos os males do Brasil eram atribuídos pelo povo ao, então, Ministro da Fazenda Delfim Neto. Isso criou uma revolta geral na população.

Pois, no Ceará houve uma cantoria de viola e lá para as tantas, alguém deu um tema aos repentistas. Uma espécie de trava-língua:

 

“Se não der fim a Delfim

Delfim dá fim a nação”

 

Os repentistas se engalfinharam e terminou um deles fazendo esse primor de décima:

 

Tamo na segundo etapa

Do tempo do realismo

Vai chegando o comunismo

Desse aí ninguém escapa

Atiraram até no Papa

Mas em Delfim Neto, não

Que falta faz Lampião

Pratirar em cabra ruim

Se não der fim a Delfim

Delfim dá fim à Nação.

 

 Estamos apenas resgatando estrofes que se tornaram célebres em cantorias e que são espalhadas por todo o Nordeste através dos apologistas. Às vezes nem ficam registradas em livro algum, mas não deixam de passar de boca em boca pelos apreciadores da arte popular.

 

 

 

  AUMENTE SEUS CONHECIMENTOS Clerisvaldo B. Chagas, 12 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.086   Quan...

 

AUMENTE SEUS CONHECIMENTOS

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.086

 



Quando o ex-dirigente de Santana do Ipanema, governador em exercício, padre Capitulino de Carvalho teve que vir a Santana para resolver problemas entre o dirigente da cidade e os funcionários, viajou no trem de Maceió a Viçosa. De Viçosa a Santana do Ipanema, veio a cavalo com uma comitiva em torno de 100 cavaleiros. Isto no início da era 1920 quando era esta as condições de estradas. Foi recepcionado no subúrbio santanense Maniçoba/Bebedouro por onde passava a estrada para Palmeira dos Índios, Quebrangulo e Garanhuns, vinda da antiga vila da Pedra (hoje Delmiro Gouveia). Houve muita poeira, bombas e foguetes na recepção política. Ao deixar aquela região de subúrbio, os cavaleiros dirigiram-se ao comércio de Santana, pela Rua do Sebo (hoje Antônio Tavares) onde foram recepcionados por uma das bandas de música defronte a chamada Cadeia Velha, nessa mesma Rua. Ao deixarem o lugar, a outra banda musical já aguardava no centro do comércio, onde houve discursos de toda ordem.

Este fato histórico e muito mais, estar registrado em uma das crônicas do nosso escritor da época, Oscar Silva. Mas também estar reproduzida no livro resgate de Clerisvaldo B. Chagas, SANTANA, REINO DO COURO E DA SOLA. Este é um livro que ainda vai ser lançado, porém, já se encontra à venda no Restaurante Santo Sushi, no Bairro Domingos Acácio, em Santana. É uma Santana do Ipanema de uma época que só os mais velhos conheceram. Portanto, vá até ali e adquira seu exemplar que é o único registro sobre o amplo assunto abordado que se conhece.

Também estão à exposição os quatro mais novos romances do autor, ciclo do cangaço. Em breve, estaremos lançando os cinco livros oficialmente. Em breve também estremos com mais dois livros na praça: “Barra do Ipanema, um Povoado Alagoano”, documentário do povoado de Belo Monte, onde fica a foz do rio Ipanema. E “Padre Cícero, 100 Milagres Nordestinos (Inéditos) ”. Este será gratuito e de preferência para os romeiros do Padre Cícero. Será lançado na maior romaria de Alagoas, na Pedra do Padre Cícero em Dois Riachos no dia 20 de julho de 2025, se Deus quiser.

CAPA SURREALISTA DE BURROS CARGUEIROS AO ANOITECER.