SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
JUMENTO E muito bem adaptado ao transporte de cargas para long Escritor Símbolo do Sertão Alagoano. Crônica: 2.091 Depois do...
JUMENTO
E muito bem adaptado
ao transporte de cargas para long
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano.
Crônica: 2.091
Depois do ombro do homem e a canoa, o jumento e
o cavalo chegaram ao Brasil pouco tempo após o descobrimento para auxiliar no
transporte de cargas. O jumento se adaptou bem ao Nordeste com suas diversas
raças vidas de várias partes do mundo. Como seu lombo é mais adaptado para
cargas, começou a transportar mercadorias de mais peso e, o cavalo a
transportar pessoas. Mais tarde, chega o burro vindo de outras partes da
América do Sul e adaptado à cargas para longas jornadas. Para completar o trio
surgiu o carro de boi que carregou juntos o Brasil nas costas até o surgimento
do trem e do caminhão: Jumento, burro, cavalo e carro de boi, fizeram o Brasil
chegar ao ponto que você conhece hoje. Cada qual com sua história, vejamos o
jumento, jegue ou asno.
Numa fazenda no Sertão Nordestino, um jumento
sempre foi um dos sustentáculos da propriedade. Com seus caçuás de cipós,
transportando palma para o gado, levando e trazendo cargas de produtos para
feira, abastecendo as casas com caçambas de madeira com latas, ou apenas com
ancoretas de pau. Quando tinha boa passada servia até de montaria igual ao
cavalo. Mas, com a chegada de veículos
motorizados, o jumento foi ficando à margem do interesse e até a proliferação
de motos, meu também com vaqueiros que trocaram a montaria animal pelas motos
de não sei quantas cilindradas. Os milhares de jumentos do Nordeste foram sendo
abandonados, nos cercados, na caatinga, nas estradas... No asfalto. O jegue passou a ser morador de
rua.
Triste realidade da ingratidão humana com seus
bichos de tanta ajuda de outrora. Vem então, a cobiça de alguns exóticos
países, para adquiri-los por todos os lugares e transformá-los em carne,
charque para deleite de seus cidadãos. O jumento já servia regiões áridas da
antiguidade. Sempre esteve presente nos momentos mais difíceis do homem,
ajudando nas secas prolongadas de inúmeros recantos do Globo. Hoje, somente no
Sudeste ou no Centro-Oeste, se cria um tipo de jumento selecionado, visando o
cruzamento com éguas, para a obtenção de burros e mulas para passeio e para o
trabalho nas fazendas.
Até Nosso Senhor andou de jumento
Ô, humanidade!
JUMENTO AMARRADO NO LEITO SECO DO RIO IPANEMA
(FOTO: B. CHAGAS)
SAGRADA FAMÍLIA Clerisvaldo B. Chagas, 21 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.090 Caso pesquisemo...
SAGRADA
FAMÍLIA
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de agosto de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.090
Caso pesquisemos direitinho poderemos até dizer
que Santana do Ipanema é a Terra das Igrejas. Não que sejam igrejas grandes e
luxuosas, mas sim, a quantidade de templos religiosos encontrados na cidade,
como mostra o livro “O Boi, a Bota e a Batina; História Completa de Santana do
Ipanema”, em páginas com o título: “Igrejas e Igrejinhas”. Impressionante a fé
católica do povo santanense, inclusive, também em uma das páginas do mesmo
livro, é mostrada uma pesquisa feito pelo professor de Geografia sobre o que o
povo mais gosta em Santana. A pesquisa em vários bairros, feita por alunos
trouxe como resultado “Missa”, em primeiro lugar. E nesse contexto vamos ver a
Igreja da foto abaixo (Livro 230, Iconográfico aos 230 Anos de Santana do
Ipanema).
Nunca soubemos o motivo, porém, o comerciante e
fazendeiro, o mesmo que iniciou a rua particular vizinha a seu curral de gado e
que depois foi chamada Rua de Zé Quirino, hoje Rua Prof. Enéas) senhor José
Quirino, planejou fazer uma igreja no Bairro Monumento em homenagem à Sagrada
Família. O terreno escolhido fazia parte de um antigo cemitério (o primeiro de
Santana), construído no final do Século XIX, pelo padre Veríssimo e, demolido
na década de 40. Para isso, o senhor José Quirino andou fazendo uma arrecadação
entre os conhecidos, arrebanhando verbas para sua nobre finalidade. Foi
erguida, então, a Igreja à Sagrada Família e devido a sua localidade e
diferencial, passou a ser chamada pela população de “Igreja dos Ricos”.
De fato
a Igreja Sagrada Família, era frequentada quase somente pela elite do bairro.
Contam os mais velhos que durante a campanha de arrecadação, uma das pessoas
contatadas pelo senhor José Quirino falou coisas desagradáveis à Sagrada
família e mais. Pouco tempo após, aquele homem dos impropérios, tão falado e
conhecido em Santana do Ipanema e originário de uma cidade vizinha, morreu
tragicamente em acidente automobilístico no lugar denominado Aterro. A Igreja
Sagrada Família continua prestando serviços religiosos à população desde o ano
de 1959. No terreno total do antigo cemitério, ainda tem uma casa com varanda,
um prédio que foi repartição pública e uma parte com terreno baldio.
IGREJA SAGRADA FAMÍLIA (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO
230 ICONOGRÁFICO AOS 230 ANOS DE SANTANA DO IPANEMA).
SHOPING DA VILA Clerisvaldo B. Chagas, 20 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.089 Construído, apr...
SHOPING
DA VILA
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de agosto de
2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.089
Construído, aproximadamente, em torno de 1915,
ainda Santana vila, o “prédio do meio da rua”, era uma espécie de Shoping da
época. Um edifício muito grande, situado em parte do Largo do Comércio,
repartido em vários cômodos para aluguel. A sua existência ajudou a estimular
as ações comerciais da vila que sempre demonstrara vigor. Era triangular. Duas
faces grandes, duas faces menores. Na face Oeste, havia as casas comerciais de
Pedro Chocho (tecido), de Doroteu Chagas e Cleto Duarte (tecidos); face Sul,
Marinho Rodrigues (armazém de secos e molhados) depois José Galego ex-jogador
do Ipanema (salão de sinucas); face Leste, Nézio (barbearia); face Norte,
Cariolando Amaral (farmácia), José Azevedo (tecidos). E na esquina Norte/oeste
Ulisses Silva (magazine, tecidos). E, no único primeiro andar do edifício,
sobre o magazine, apartamento onde vivia o viúvo comerciante Ulisses Silva.
Parte da feira de Santana do Ipanema, era
realizada na face Norte e na face Oeste: da Farinha, do Fumo, das Redes, das
Malas, do Sal. Aliás, a feira de Santana do Ipanema, teve início ainda nos
primórdios de vila, aconselhada pelo padre Francisco Correia para funcionar em
dia de sábado, como continua até o presente momento. Depois foi incluída para
preencher o vazio da semana, outra feira semanal da quarta. Esta, mais fraca. Só
supera a do sábado durante a Semana Santa. Na atualidade, Santana dispõe de
feira todos os dias. A posição geográfica da cidade, pleno médio Sertão e boca
do Alto Sertão, fez ali desenvolver um tradicional comércio assegurado como
pujante até este primeiro quarto do Século XXI. Mais tarde, este município que
era o maior de Alagoas, deu origem com as divisões de suas terras a oito novos
municípios seus povoados e vilas.
São filhos de Santana do Ipanema e hoje suas
cidades satélites: Ouro Branco, Maravilha, Poço das Trincheiras, Carneiros,
Senador Rui Palmeira, Olho d’Água das Flores, Olivença, Dois Riachos e parte de
Major Izidoro. Além da força do seu comércio, a cidade oferece prestações de
serviços como rede escolar, rede de saúde, casas creditícias, complexo de
Justiça, clínicas particulares, segurança, hospital SUS e religiosidade diversas.
A cidade é cortada pelo rio periódico Ipanema (daí o seu nome) e o riacho
Camoxinga, afluente do primeiro e que também virou nome do maior bairro da
urbe. O seu comércio é considerado o mais bonito do interior alagoano e o
segundo em movimento, perdendo apenas para o de Arapiraca.
Sertão é Sertão!
ANNTIGO “PRÉDIO DO MEIO DA RUA” Á ESQUERDA. Á
DIREITA, “SOBRADO DO MEIO DA RUA”. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230
ICONOGRÁFICO AOS 230 ANOS DE SANTANA).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.