sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O EXEMPLO

O EXEMPLO
(Clerisvaldo B. Chagas, 19 de novembro de 2010)

Com o novo sistema de Ensino em que o compêndio apresenta História Geral e do Brasil, é coisa a ser pensada. Sim, é preciso situar os fatos históricos brasileiros no tempo e no espaço da história universal. Acontece que muitos episódios da nossa história terminam ficando fora dos livros escolares, jogados ao limbo vultos importantes que honraram com bravura o povo brasileiro. Lapidando aqui, puxando no miolo, o solapar constante vai transformando a História do Brasil em resumo de conteúdo e amontoados supérfluos. Isso não teve início agora, começou com as manias da ditadura militar que também empurrou nas escolas OSPB e Moral e Cívica. Assim a juventude raramente ouve falar sobre Rondon, Anita Garibaldi, Barão do Rio Branco, Plácido de Castro, Piragibe, Henrique Dias, Frei Caneca, Maria Quitéria, Tibiriçá e mesmo Zumbi dos Palmares. Falamos dos compêndios de História Geral e do Brasil, mas outras matérias como Geografia sofrem do mesmo problema. Muito papel, tolices, péssimas impressões e cores esquisitas que dificultam a leitura. Já expomos por aqui essa coisa toda.
Como amanhã é Dia da Consciência Negra, o tema parece repetitivo. Apesar do esforço de alguns que abraçaram a causa, parece não ter evoluído muita coisa na serra da Barriga. Palácio dos Palmares, Aeroporto Zumbi dos Palmares, dizem muito do negro que lutava pela sua gente. Mas a estrutura física do local de homenagens parece o que a gíria chama de “parado demais”. O nome Zumbi tem símbolo caro! Envolvem pretos e brancos do Brasil e sentimentos libertários em outras nações com o denodo do comandante e os objetivos da sua luta. Se ontem Zumbi combatia nas serras, nos tabuleiros, nos canaviais, esse legado não pode morrer com desertores. Zumbi não brigava só. Incentivava a todos que sofriam com as humilhações a libertarem os que ainda se achavam sob a tirania. Foi assim que os  guerreiros da serra da Barriga foram invencíveis até a chegada dos canhões arrasadores de Domingos Jorge Velho.
O Dia da Consciência Negra deve ser um ponto importantíssimo de reflexão. A violência contra os pretos do passado vive hoje de terno e gravata saqueando os cofres públicos pelo Brasil afora. Cabe perfeitamente uma cruzada popular, intensiva, incessante e sem quartel contra a corrupção que doi ao povo brasileiro muito mais do que as drogas das ruas. Estamos carentes de Zumbis da serra para transformar a todos em guerreiros contra os escravocratas dos poderes públicos. Morre o homem, mas continuam seus ideais. Já foi mostrado O EXEMPLO.

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