sexta-feira, 25 de novembro de 2011

MINHA TERRA

MINHA TERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de novembro de 2011

 Essa conversa de divisão de estados parece com as emboscadas do cangaço. De vez em quando os bandidos davam uma incerta para pegar o inimigo no cochilo. Às vezes nada conseguia. Outras ocasiões davam certo, como aconteceu com uma família de Mata Grande, Alagoas. Ali, quando os bandoleiros passavam na região, não deixavam de visitar membros dessa família que ia sendo dizimada aos poucos, resultando em cerca de dez pessoas trucidadas pelo sistema das emboscadas periódicas e incertas.
          Depois de o Brasil ser todo dividido, vez por outra ressurgem as emboscadas das divisões ou das adesões. Assim houve a celeuma de se unir Sergipe e Alagoas, separados pelo rio São Francisco, em um só estado. Imagine o leitor as conversas e discussões que saíram sobre esse melindroso assunto. Depois de assanharem o formigueiro, calaram completamente sobre o tema. Veio à divisão do Mato Grosso em dois. Vigorou o corte que fez brotar o Tocantins e, há pouco tempo falaram em dividir os estados da Bahia e de Minas Gerais que são enormes. A vez agora é passar a faca cega no Pará, arrumando-o em três fatias, certo ou errado? Em havendo êxito, com certeza viriam outros argumentos para fazerem o mesmo com o estado do Amazonas. Talvez queiram chegar a uma divisão perfeita territorialmente, como se as unidades da federação fossem cubos de gelo de uma caçamba doméstica. O danado é que as cabeças pensantes pouco aparecem, dando a impressão aos brasileiros que tudo não passa de boatos. Você sabe a história do “João sem braço”, se colar colou.
          Geralmente a divisão ou união proposta, não levam em conta a naturalidade individual, tradição, usos, costumes, sentimentalismo pelo estado em que se mora e aversão ao estado vizinho. O fuxico, o boato, a fumaça, espalha-se de repente, mas trás a sabedoria popular de que “onde há fumaça há fogo”. Consolidado o fato, vem o trauma que até os cartórios agem como gente, cheios de sentimentos e opiniões. Ainda não temos conhecimento de que exista uma pesquisa falando da parte psicológica e social do cidadão comum, após o choque da separação. Uma espécie de laudo depois da cacetada na cabeça do paciente.
          Como vai ser no Pará? E o açaí? E a castanha? Com quem ficará a Virgem de Nazaré? Enquanto querem dividir o grande estado brasileiro, parece que nada muda na atenção do povo ao combate da corrupção em Brasília. Está difícil agora mudar o foco sobre fortunas fáceis. E quem vê a divisão do estado alheio, põe o seu de molho. Está certo que foi em Belém que Jesus nasceu, mas para a capital do Pará, os interessados estão mandando “Jisus”, um carregador de saco da MINHA TERRA.





















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