BRASIL: VOTO SURPRESA
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de novembro de 2011
De vez em quando a diplomacia brasileira vai fazendo surpresa, saindo e entrando na lógica do próprio país e dos seus observadores atentos. Nem sabemos a razão desses chega, mas não chega, pois a vontade de irritar país “X” ou “Y” com certeza não é. Às vezes, nós mesmos, os brasileiros, ficamos sem saber qual a posição oficial do Brasil em relação a temas mundiais polêmicos, assim como um bandeirinha de futebol indica um pênalti com atraso. Compara-se também a esses narradores de vôlei que ficam querendo tapear o telespectador, sem gritar o ponto, enrolando, até que a pontuação surge no placar. Àquilo repetido é tão irritante que podemos dizer igualmente ao Juarez (Bêinha), colega estudantil, “bem que merece u’a mãozada”.
Nesta terça (22), o Brasil votou na ONU, contra a Síria no caso de violação de direitos humanos. Foram 122 votos a favor, 13 contra e 41 abstenções. Quando, então, se esperava a abstenção do Brasil, este vota com a maioria, agradando, inclusive, a americanos e União Europeia. É bom lembrar que da última vez o Brasil “ficou em cima do muro” como se diz por aqui. A situação da Síria vai ficando cada vez pior; como outros dirigentes no deleite do céu na terra, o ditador sírio parece não enxergar o que estar acontecendo em torno da própria sombra. Continua apegado ao poder como cachorro brigando com semelhantes e pessoas, mas não quer largar o osso suculento. Como mandar em todos, ser o senhor de todos, envelhecer bajulados por todos numa mordomia prestigiosa e infinita e de repente sair correndo como rato, assim como ratos viraram seus parceiros? Mesmo nesse aperto terrível após as mortes de três mil e quinhentas pessoas na repressão e mais mil nas forças de segurança, Bashar Assad, o rapaz do pescoço comprido, continua com apoio da Rússia e da China, países que gostam dessas coisas não é somente de hoje.
O regime sírio já foi isolado da própria Liga Árabe, mas sempre conta também com eles, aqueles de sempre: Venezuela, Cuba, Irã, Vietnã e mais os outros dois anteriormente citados. Ditador é bicho peste! Mesmo com esse apoio ideológico e interesseiro que se apresentam dificilmente um bichinho desses continua no poder. Não tem como. Os exemplos dos seus vizinhos e a fúria crescente das multidões, com certeza descolarão os fundilhos de Assad da cadeira de marfim. Se o antiaderente não entrar pela cabeça, sobe pela boca da calça, tal ratazana de esgoto ou catita de residência. Mas, enquanto não assarem Assad, Assad assará o povo. Daí ter sido bom o VOTO SURPRESA.
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