OS APERTOS DOS CÉUS
Clerisvaldo
B. Chagas, 7 de abril de 2015
Crônica Nº 1.403
Quem estava no Médio
Sertão, ontem à tarde, sofreu com o vento parado e uma temperatura altíssima,
sufocante. Foi reeditada edição quase insuportável de certos dias de fevereiro.
Não se via o mover de uma folha de árvore, durante certo tempo. Banhos, ventilação
artificial e o solo caseiro para se deitar sem roupa, proporcionaram um socorro
ainda deficiente de tantos graus. Formaram-se nuvens negras tangidas para o
Sul, deixando a população apreensiva. Uma trovoada naquelas circunstâncias
seria do tipo que leva o povo para debaixo da cama com os trovões enfurecidos.
À noite faltou
energia por duas vezes. Ao retornar essa energia pela segunda vez, o ornejar de
um jegue nas margens do rio Ipanema, o ladrar dos cães na rua, a gritaria da
meninada, combinavam com o sorriso largo da lua cheia. Dentro de casa o suor
minava nas costas, por um pequeno esforço.
É aí que entram os
sinais dos tempos:
Logo cedo: “cúmulos”
no céu. Aqueles tipos de nuvens brancas parecendo flocos de algodão.
Distribuídas pelo pano azul, indicavam tempo estável e nada de uma chuvazinha,
da mãe de Deus.
Os “cirros” são
nuvens altas, largas, de cor branca, formadas por finíssimos cristais de gelo.
Mas, ontem não havia cirros. E mesmo se houvesse ─ igualmente aos cúmulos ─ também não seriam indicativos
de chuvas.
Nada de “Estratos”
que são nuvens cinzentas superpostas, formando camadas e que trazem esperança de
chuvas.
Após os cúmulos do
início da tarde, surgiram os “nimbos”, nuvens de cor cinza-escuro que
anunciavam chuvas no Alto Sertão.
Não sabemos se choveu
lá para as bandas de Senador Rui Palmeira. No Médio Sertão, nem a rebarba de um
sereno para refrescar. E se hoje for do mesmo jeito de ontem, minha comadre, só
escaparemos se traçarmos novas estratégias. Não é fácil se livrar dos apertos
dos céus.
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