CAMPANHA EM TERRA ALHEIA
Clerisvaldo B.
Chagas, 27 de junho de 2016
Crônica N0 1.540
COMÉRCIO DE MACEIÓ. Foto: (Clerisvaldo). |
Não é ser estrangeiro. É morar em outra cidade no
mesmo estado do país ou em outra unidade da federação.
Qualquer habitante, analfabeto ou letrado, possuindo
verdadeiro amor a terra em que nasceu, desenvolve grande sensibilidade para o
seu progresso ou para a anemia do marasmo. No último caso, o filho consciente
sofre décadas a fio vendo o fracasso municipal agigantando-se. As lutas
individuais ou coletivas pelo torrão abençoado, muitas vezes são perdidas
completamente em mãos erradas e gananciosas que marcam sucessivas gestões
públicas. Cansado de luta, aquele homem de ouro vai perdendo o entusiasmo e até
mesmo o amor ao território do seu berço. E lá fora, em fatia alheia, chega
mesmo a se referir ao seu núcleo geográfico como um triste e perdido buraco
fundo. Assim, com a luta pelo bem comum perdida, o cidadão a tudo isso relembra
em nova caminhada, agora para si.
Pelo menos o alívio em tempo de campanha política não
lhe mexe o peito como acontecia. Na terra dos outros pouco importa as discussões
políticas, a maldade ou não dos que se agitam. Ganhe quem ganhar, perca quem
perder. Quando muito, um olhar de revés para as obras do atual gestor e pronto.
O caminhar é sereno e a arritmia política não o atinge, nem mesmo aquele
panfleto desaforado de certa facção pregado no banheiro público. Vez em quando
o inevitável encontro com um conterrâneo louco para lhe passar a última
novidade dos engravatados. “Foi mesmo!” E o filme nativo passa completo em um
segundo. Falar mal do “buraco” nascido não pode, trava a língua, fecha-se o
ouvido. Mais um expulso do seu meio pela eterna decepção. Perde a terra pelos
maníacos e ainda recebe do seu filho uma banana comprida daquelas de cozinhar. Tudo
depende do ponto de vista.
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