segunda-feira, 8 de março de 2021

 

NO JÚRI TAMBÉM TEM

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.484

 


Fomos assistir o debate entre advogado e promotor no “sobrado do meio da rua, em Santana do Ipanema. Uma atração para cidade do interior, na época. Dr. Fernando, promotor, fora sempre uma atração à parte, que peitava bonito o advogado Dr. Aderval Tenório. Mas dessa vez o julgamento tinha o Dr. João Yoyô como advogado. Homem de fala mansa e moderada. O sobrado até que tinha muito espaço, porém a multidão ficou restrita a entrada do salão, logo após a escadaria de madeira, do primeiro andar.  O promotor acusava um cidadão de ter aplicado uma surra em outro que falecera 15 dias após. O advogado João, dizia que a morte do homem nada tinha a ver com a surra, até porque não houvera pisa nenhuma. “O acusado apenas batera levemente na vítima com um simples cipózinho de catingueira”. Foi aí que o funcionário do Banco do Brasil, João Farias, fumando muito como era seu vício e que assistia conosco o debate, disse baixinho para nós: “Já viu catingueira ´dá cipó, seu fio da peste!

Risos na porta do Fórum.

Já o advogado Aderval Tenório com seu vozeirão e sabedoria, costumava driblar a plateia bebendo guaraná batizada, istó é, debatia  bebendo uísque numa garrafa de guaraná e até o juiz seguia sem interferência.

Noutro debate – dessa vez o fórum era no prédio da atual Câmara de Vereadores – o dr. Eraldo Bulhões duelava com uma advogada. No meio da discussão, a advogada disse uma frase troncha referindo-se a uma briga entre o réu e a vítima: “Aí ele agarrou-la (rola) pelos cabelos...” Os presentes ficaram arrepiados com a frase da doutora que prosseguiu atropelando o Português. Eraldo Bulhões, que sempre foi bom e irônico orador, defendeu sua tese com galhardia. Quando encerrou suas palavras, voltou-se para nós, na multidão que acompanhava o duelo, passou pertinho e falou baixo onde só havia homens:

 “A doutora Fulana pensa que Direito é buc...”

Os homens riram, o juiz não ouviu e o preso foi solto.

Por questão de ética omitimos o nome da advogada, mas nos bastidores do Júri também tem.

ANTIGO SOBRADO DO MEIO DA RUA, VISTO DA RUA BARÃO DO RIO BRANCO. (LIVRO 230/B. CHAGAS/DOMÍNIO PÚBLICO).

 

 


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