FESTAS NAS ALAGOAS Clerisvaldo B. Chagas, 14 de janeiro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoan o Crônica: 2.039 BOM JESUS...

FESTAS NAS ALAGOAS


FESTAS NAS ALAGOAS
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.039

BOM JESUS EM PENEDO. (FOTO: AGÊNCIA ALAGOAS).
     Início de ano no estado de Alagoas representa uma delícia para quem aprecia significativos eventos. Os nativos e milhares de turistas invadem os municípios que oferecem tradicionalmente as Festas do Santo Reis e do Bom Jesus dos Navegantes. No Médio Sertão acontece com fidelidade a também chamada Festa de Reis no município de Poço das Trincheiras, vizinho a Santana do Ipanema. Esse festejo tornou-se tradição sendo o principal evento naquela região, em início de janeiro. Conhecida ainda como “A Festa do Poço”, atrai gente de Alagoas e Pernambuco deixando a cidade pequena para a multidão. Além dos motivos religiosos, tem a parte profana da festa através de inúmeras atrações folclóricas e bandas famosas. O Poço das Trincheiras é banhado pelo rio Ipanema e ainda oferece aos visitantes a história do lugar.
     Outras atrações estão nos municípios ribeirinhos com a Festa de Bom Jesus dos Navegantes. Nessa época de janeiro faz gosto visitar qualquer uma das cidades sanfranciscanas. Muitas atrações são oferecidas por esses municípios pequenos ou maiores, mas com a mesma intensidade e brilho. A fama da festa depende das proximidades de quem as frequenta, mas qualquer que seja o município visitado, não existe arrependimento para o turista. Pão de Açúcar, Traipu, Belo Monte, Penedo, são alguns deles. O movimento religioso é duradouro e culmina com a famosa procissão conduzindo a imagem do Bom Jesus dos Navegantes. O cortejo percorre trechos da terra e do rio São Francisco numa animação incomparável, com muitos cânticos e foguetórios.
     Muita gente acompanha o cortejo em barcos e canoas, outros preferem aguardar à beira d’água. Mas não é somente a parte religiosa que atrai as multidões, também as tradições folclóricas e as bandas famosas contratadas para animação prolongada. Muita gente de fora aproveita a festa e passa mais alguns dias curtindo os ares, a culinária, a cortesia, costumes, lugares aprazíveis e históricos da região. A festa, além do objetivo principal que é louvar o Bom Jesus dos Navegantes, gera empregos temporários e renda, mexendo positivamente com a economia do “Velho Chico”. Muitas são as outras atrações naturais que não fazem parte dos festejos, mas  acesa dos desejos turísticos. Nessas ocasiões existe um reforço inquebrantável no entrelaçamento Alagoas/Sergipe.
     Simplesmente ARRETADO.

DONDE VEM ESSE POETA? Clerisvaldo B. Chagas, 15 de janeiro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoan o “Crônica”: 2.038 XIL...

DONDE VEM ESSE POETA?

DONDE VEM ESSE POETA?
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
“Crônica”: 2.038

XILOGRAVURA: MARCELO ALVES SOARES
     Mais uma vez mergulhando no mundo encantado dos repentistas, vamos para três passagens que nos repasses orais, vão perdendo seus autores.
Estava havendo uma cantoria de pé de perede, quando algumas pessoas entraram na sala do desafio. Um dos poetas disse nos seus versos que a “trinca chegaram”. O companheiro rebateu imediatamente:

“Dizer a trinca chegaram
É erro de português
E mesmo só se diz trinca
Se a turma for de três
Donde vem esse poeta
Com dois erros duma vez?”.

     Entrou em cena a filosofia cabocla quando dois cantadores cantavam sobre uma seca que teria acontecido no Maranhão. Um deles terminou a estrofe:

...Quase tudo se acabando.

     O parceiro pegou a deixa fazendo uma estrofe de rima difícil, rica, rara e filosófica:

“Eu tava me sustentando
De fruta de macaúba
Mas o galho ficou alto
Eu não conheço quem suba
De vara ninguém alcança
De pedra ninguém derruba”.

     Em uma cantoria na roça chegava a hora dos elogios, isto é, elogiar as pessoas para arrecadar o dinheiro. Cada um que colocasse notas altas no prato da arrecadação. Foi aí que um pobrezinho chamado Joaquim, depositou o que possuía: apenas uma cédula amassada de um real. O repentista humilhou o coitado para não perder a verve:

“Parece que seu Joaquim
Passou a noite no mato
Com uma faca amolada
Tirando couro de rato
Deixou o rato sem couro
Botou o couro no prato”.

 FIM

PIRANHAS: A MORTE DO LOBISOMEM Clerisvaldo B. Chagas, 11 de janeiro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.037 ...

PIRANHAS: A MORTE DO LOBISOMEM

PIRANHAS: A MORTE DO LOBISOMEM
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.037

       Sobre o traidor de Lampião, Pedro de Cândido:  
     23.08.1941. Piranhas (AL). Após a hecatombe de Angicos, quando houve festas e promoções policiais em Alagoas, o coronel Lucena lembrou-se de Pedro de Cândido e o indicou ao comando para incluí-lo no efetivo da Força. Assim, como recompensa, Pedro passou a fazer parte da polícia no posto de cabo destacando em Piranhas mesmo onde estavam seus familiares.
     Em agosto de 1941, portanto, três anos após a morte de Lampião, corria em Piranhas a no tícia que um lobisomem estava percorrendo a área da periferia, chamada Piranhas de Baixo. Na noite do dia 23 de agosto de 1941, o jovem carregador Sabino José Vieira, entrou no bar de Pedro Chico, lugar muito frequentado, quando a conversa girava em torno do tal lobisomem. As luzes da cidade eram apagadas às 23 horas. Morando muito afastado do centro e tendo que passar por Piranhas de Baixo, Sabino colocou a peixeira na mão e partiu resoluto para a sua moradia.
     Em uma daquelas curvas, notou um tropel logo seguido por uma espécie de ronco. Sabino que estava prevenido plantou a faca no peito do bicho, ouvindo o gemido e baque do corpo no chão. O rapaz saiu correndo e gritando “Eu matei o lobisomem! Eu matei o lobisomem!” E assim foi cair desmaiado na calçada de uma pessoa responsável.
     Vieram pessoas ali de perto, cuidaram dele que ainda ficou repetindo a frase inicial. Após se acalmar contou como se deu o caso. O povo foi lá no local e deu com o cabo Pedro de Cândido embrulhado num capote, estendido numa enorme poça de sangue. Uma das pessoas abaixou-se com uma candeia, pôs a mão na faca do peito da vítima e disse : “Já está frio... Acabou-se o homem!” (3).

     Valdemar de Souza Lima chama de “A 13a Cabeça”. AA.

     Cândido tinha um caso amoroso com tal Madalena e, para esconder sua identidade, percorria o trecho de capote. O rapazola de nome Sabino seria um retardado mental, que ficara assustado com a investida de Pedro, reagindo com uma quicé acertando o coração de Pedro de Cândido. (4).
     Extraído de
   CHAGAS, Clerisvaldo B. & FAUSTO, Marcello. Lampião em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012. Págs. 450-451.

                                                                                                                                  .