domingo, 26 de setembro de 2010

DOIS RIACHOS

DOIS RIACHOS
(Clerisvaldo B. Chagas, 27 de setembro de 2010)
     Conheci a antiga cidade de Dois Riachos como estudante passageiro da Viação Progresso e depois como pesquisador do IBGE. O que eu admirava nessa cidade sertaneja alagoana, era a larga avenida de terra que terminava na ponte sobre o afluente do Ipanema. Outra coisa era o fato de, mesmo naqueles tempos mais difíceis, já existir uma hospedaria na mesma avenida, o que significava para mim progresso e boas-vindas. Situada em ponto estratégico, a cidade, desde o seu nascedouro, sempre foi uma espécie de elo entre a cidade polo de Santana do Ipanema e a novata Major Izidoro (antiga Sertãozinho) que prosperava baseado na sua agropecuária. A força da atual cidade de Dois Riachos veio do campo, ganhando robusteza com a construção da BR-316 que desenhavam seu contorno e expansão. Ainda hoje o antigo povoado Garcia conserva com orgulho a ponte antiga, ainda útil, museu a céu aberto, cheia de histórias para contar. O nome Garcia vem de um córrego que assim era denominado, mas agora com o título de Dois Riachos, homenageia a corrente de significativa largura, cheias e cacimbas que tanto beneficiaram o valoroso município.
     Quem nasce em Dois Riachos é riachense. E os riachenses mostram ao mundo inteiro algumas atrações da sua terra. Vale à pena conhecer a Pedra do Padre Cícero, às margens da BR-316, uma igrejinha sobre um bloco de granito que arrebanha multidões para a sua festa anual. A localidade Pai Mané, afastada do centro, mostra um imenso açude, classificado entre os maiores do estado, construído no governo Vargas. Hoje é importante ponto de lazer com barzinho, balneário e pesca, inclusive com um casario que vai formando rua. Sua feira de gado, realizada as quartas, jamais foi superada por outra na região e surge como a segunda do Nordeste. De certo tempo até hoje, a cidade tem realizado anualmente uma vaquejada que atrai pessoas de muitos estados e já se tornou lugar de encontros do mundo vaqueiro e ponto de políticos importantes de Alagoas. E como se não bastasse, tudo isso é coroado com os festejos de padroeiros que atraem habitantes de Sertão e Agreste.
     Hoje encontramos uma cidade que procura se modernizar, cujos filhos frequentam as universidades e retornam para relevantes prestações de serviços ao antigo Garcia. E sendo ali a terra da jogadora de futebol, Marta Vieira Silva, imaginem a satisfação quando falamos sobre o assunto com os seus moradores. E por falar nisso, uma faixa na entrada da cidade, informa aos visitantes sobre sua filha ilustre. Temos informações que ali andou o cangaceiro Corisco, em 1936, fazendo algumas estripulias, mas as informações ainda são muito escassas. Acho sim, que essa dinâmica e simpática cidade merece muito mais de que essa crônica escrita com tão boa vontade. Afinal, o Sertão deve muito aos DOIS RIACHOS.



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