A FORÇA DO GRAVATÁ
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2017
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica 1.810
CURVA DO RIACHO GRAVATÁ. Foto: (Divulgação). |
“Um grave acidente resultou na morte de duas pessoas e
deixou outras duas feridas na manhã deste domingo (24), na rodovia BR-316, em
Santana do Ipanema, Sertão de Alagoas”. Notícia do site alagoasnanet.
O acidente aconteceu em longa curva aberta – que vai
fechando no sentido Maceió Santana – até encontrar a ponte do riacho Gravatá. A
pista é boa e larga e a curva longa não oferece risco algum se o condutor do
veículo seguir as diretrizes do trânsito. Talvez, por ser boa demais, existem
os abusos de velocidade, a embriaguez ao volante, o uso do celular, a ultrapassagem
imprudente ou mesmo um fator inesperado que provoque o sinistro. Conhecida como
a “curva da morte”, o citado trecho tem ceifado muitas vidas nas últimas
décadas. Mas ninguém de sã consciência pode colocar a culpa naquele pedaço de
pista, a não ser como defesa de quem não quer assumir a culpa que lhe pertence.
O riacho Gravatá é um dos mais belos afluentes do rio
Ipanema. Belo porque nasce numa região serrana, imediações da pujante serra do
Gugi, outrora celeiro de frutas da região. Também se localiza próximo ao
povoado São Félix, escorre entre montanhas, formando poços sombreados por
árvores de porte como a craibeira. Mesmo com o desmatamento que acontece ao
longo do leito, continua o riacho gravatá sendo romântico e valente oferecendo
banhos inesquecíveis nos poços do seu curso periódico. Corta a BR-316 no sítio
Gravatá passa sobre a ponte da “curva da morte” e segue entre os montes do
sítio Poço da Pedra e outros sítios famosos até desembocar no rio Ipanema.
Devido ao seu percurso aprazível, demos a ideia de
formarmos ali um acampamento para retiro semelhante ao do riacho Tigre, no
município de Maravilha e que atrai gente durante o Carnaval, até do estado de
Pernambuco. Infelizmente não levamos a ideia adiante e nem temos mais interesse
no assunto. Mas a ideia pode continuar e ser realizada por pessoas religiosas
interessadas em fugir das loucuras dos carnavais.
Enquanto isso, o riacho gravatá, ora seca, ora enche,
oferecendo o seu cenário a quem interessar possa, indiferente às imprudências
ou fatalidades que acontecem perto da sua ponte na “curva da morte”.
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