INICIANDO A LEITURA
(Clerisvaldo B. Chagas. 8.7.2010)
Minhas primeiras leituras, após os livros escolares, aperfeiçoaram o método. Três tipos de fontes davam a base para aqueles adolescentes que se interes-savam pelo mundo mágico das letras. Sem classificação pela ordem, mas em pé de igualdade pela importância do incentivo para altos graus, tínhamos: livretos infantis, folhetos de cordel e gibis. Os livretos assemelham-se aos de hoje, apresentados nas escolinhas e nas bibliotecas infantis e juvenis. Era importante fazer a leitura com algum tipo de ilustração. Somente depois é que o adolescente começa a ler sem figuras, imaginando seus próprios personagens. Entre os livretos (falo da espessura) estavam os clássicos e imortais. O que incentivava bastante era a leitura de folhetos de cordel, por causa das rimas. Aí a minha tendência poética falava mais alto e eu lia sem parar um após outro. A esses livretos chamávamos romances. Os títulos eram sem fim: João Grilo, Cancão de Fogo, A Peleja de Serrador e Carneiro, O Cachorro dos Mortos, A Índia Neci, A Chegada de Lampião no Céu, O Fantasma do Deserto, Antonio Silvino, A Chegada de Lampião no Inferno, Zé Bico Doce, A Peleja de Severino Pinto e Severino Milanês e mais e mais e muito mais. Os gibis, por sua vez, causavam frisson entre os quase rapazes. Íamos comprá-los, novinhos, cheirosos, lá na Rua Nilo Peçanha. Eles vinham de Maceió na “sopa” que fazia a linha. Mas para não pararmos a leitura, colecionávamos os gibis e saíamos fazendo trocas. Eu possuía muitos gibis e João Soares Neto (João Neto de Zé Urbano) também. João Neto, atualmente é advogado e milita em Santana do Ipanema. Mas, o João Neto de Seu Coaraci, que morava à Rua São Pedro, tinha gibis como nunca vi tantos. Saía com aquele monte no braço, fazendo trocas. João Neto tornou-se médico e atuava em Garanhuns, aonde veio a falecer. Pois bem, esses três tipos de leitura, nos deixavam desasnados e nos empurravam para leituras mais complexas e sem ilustrações.
Nesse momento (de TV, Internet e tantas outras tecnologias) é como se não tivesse melhorado nada. Não foi só uma ou duas vezes em que perguntei em várias salas de aulas de até sessenta alunos, quem tinha lido pelo menos um livro completo no presente ano ou no ano passado. Em cerca de dez, doze turmas, nunca encontrei mais de dois alunos. Sempre alertei para a evasão escolar e o desinteresse. Encontrei, porém, muitas pedagogas de cabo duro. Estamos vendo as confirmações da realidade escolar divulgadas. Isso acaba com o professor honesto que se mata por um salário vil e é chamado atenção quando diz que o aluno não quer nada.
Mas, o que queremos mesmo é mostrar que em uma época tão difícil, essas três coisas simples incentivaram os jovens aos cursos superiores. Felizmente nem tudo está perdido, tem ainda estudantes dedicados, cheios de vontade e que não gosta de perder aula. Mesmo assim, perguntem agora quantos leram pelo menos um livro no primeiro semestre deste ano. O que fazer sem gibi e folheto de cordel, eu não sei, mas é bom que se invente algo atrativo para ir INICIANDO A LEITURA.
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