domingo, 4 de novembro de 2012

A CRÔNICA DA CRÔNICA



A CRÔNICA DA CRÔNICA
Clerisvaldo B. Chagas, 5  de novembro de 2012.
Crônica Nº 900

Clerisvaldo e lançamento do livro "Ipanema um rio macho". Foto: (Maltanet).
Atingimos, finalmente, o início da reta final de mil trabalhos. Nunca pensei em ser cronista. Esse mister surgiu da necessidade de preencher o vazio entre uma publicação de livro e outra. Crônica registra a simplicidade do dia a dia. Os gritos de um vendedor de rua; a conversa do povo no mercado, na praia; Uma batida de automóvel... É o retrato fiel do presente. Mas o que faz o cronista escrever todos os dias, não deixar faltar nunca às palavras quentinhas da manhã? Doente, lacrimoso, desiludido, sem inspiração, o dono dos textos espreme a cabeça e as crônicas saem. Inspirado, melhor, as frases aceleram em cachoeira numa velocidade incrível. Mas, quantas noites em claro para que o leitor anônimo, fiel e que não interage, tenha o seu pão seguro da manhã. O pão da alma, o pão que alimenta na prosa e na poesia, ajudando a viver. É de se perguntar, entretanto, numa parada reflexiva, se vale à pena tanto esforço para o leitor sem nome. Para que continuar uma caminhada de mais cem crônicas para completar as mil? Uma necessidade orgânica? Uma vaidade do autor? Missão divina ou coisa sem nexo que é melhor parar. Qual o prêmio em completar mil crônicas publicadas na Internet?
Temos revirado o planeta pelo avesso, falando sobre tudo. Mas têm horas que esse tudo aborrece. E mesmo aborrecido, temos que revirar os “cumbucos de sal”, como se diz por aqui, para cumprir um compromisso pessoal de escrever. Ah, meu Deus! E os meus romances onde ficam? “Negros em Santana” foi aparecer. “Lampião em Alagoas” foi aparecer. Lá ficaram na fila “Deuses de Mandacaru”, “Fazenda Lajeado” (romances) “Colibris do Camoxinga”, “O Boi a Bota e a Batina” e “Cem Milagres do Padre Cícero”. Ainda bem que estamos apenas aguardando da gráfica, os dois primeiros, para continuarmos essa sequência. Mas, e as crônicas, como ficam? Será que atingiremos as mil? E depois, fazer o quê? Selecionar, publicar? Não seria melhor encerramos logo nas 900 e retirar o blog? Enquanto isso vamos viajar e respirar fundo para decidir se amanhã surge mais uma história retirada de um porvir cibernético ou de um colchão “engembrado” de um hotel.
Novecentas crônicas, de segunda à sexta, sem parar, puxam para quatro anos de atividade digitando para o mundo. O tapete vermelho das próximas cem vai dizer sobre a possibilidade ou não de estiramento. Cinco meses estão aí na frente aguardando a resposta do autor. Pelo menos hoje, dia 5, sai A CRÔNICA DA CRÔNICA.

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