segunda-feira, 26 de novembro de 2012

MANGAÇÃO DE BEM-TE-VIS



MANGAÇÃO DE BEM-TE-VIS
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de novembro de 2012.
Crônica Nº 915
Sol de rachar na capital mais bonita do Brasil. Vamos tentando uma vaga no estacionamento do Sanatório. Paciência aqui, habilidade ali e o sedan ocupa o lugar deixado por um freguês. Além da alta temperatura e do trânsito impiedoso, altos ruídos irritantes como de tábuas jogadas ao chão. Era apenas a tampa solta de um bueiro no meio da rua, entre a unidade de saúde e o terminal rodoviário. Um carro atrás do outro passando por cima e a tampa cantando feito a peste! Ninguém, absolutamente ninguém dali, tentava resolver o problema pelo menos telefonando para o órgão responsável. De segundo em segundo a tampa do bueiro batia: papá, papá... E um bem-te-vi zombava na hora: Tiiiiii! E esse tal de: “papá, papá, tiiiiii!”, irritava até defunto se tivesse por acolá. Era onde o estacionamento gratuito saía caro. Daí a pouco o bem-te-vi desceu e foi se refrescar numa espécie de chuveirinho em ar condicionado, na parede do prédio. A água escapulia e molhava a grama do jardim. Outra ave semelhante foi fazer companhia à primeira, mas nem perguntem se era um casal, pois hoje em dia, macho e fêmea se confundem. O sacana do bueiro tá na rua, nos gritos da tampa. As aves, mesmo no banho ligeiro, sem sabonete e toalha, não param de mangar da tampa. Ou será mangando do prefeito, do secretário de obras, dos serviços marca bufa de firmas terceirizadas?!
Resolvido o assunto particular, ré na máquina e adeus as duas aves, espécie que invade a cidade com a destruição das matas. Os que trabalhavam nas imediações continuaram alimentando a irritação até que um acidente muito grave pudesse divertir os espectadores.
Lá à frente, passa um lampejo da existência numa carreira proibida. Momentos felizes são como pistas de qualidade com direito à sinalização completa. As margens são ajardinadas, multicores e odoríferas que embalam o viajor. Mas nem sempre pode se contar com ventos favoráveis. Nos momentos mais difíceis a esperança não deixa de levar pancadas. E se não existir no peito uma Fé criada com raiz, no início, iremos sofrer muito mais na fase da tampa solta do bueiro e na MANGAÇÃO DE BEM-TE-VIS.


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