quarta-feira, 23 de setembro de 2020

 

O REI DA RÚSSIA NO GINÁSIO SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de setembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.385

Visita de escritores, cineasta e jornalistas ao Ginásio, autor de camisa preta. (Foto: Arquivo B. Chagas).


Os estudantes do Ginásio Santana, década de 60 e que ainda estão vivos, recordam bem as peripécias que alegravam o estabelecimento. Nem adiantava diretor durão, diretor mole ou carrasco de ações e de cara. Estou falando do período como estudante e não como professor, muito mais adiante.  O fato que será narrado não lembra o dirigente da época, mas com certeza aconteceu com o zelador Lulinha, baixinho como um anão, cara engraçada e moralista, casado com uma senhora alta e bonitona.  Morava na mesma casa em que tinha bodega, às margens do poço do Juá, no rio Ipanema. Essa foi apenas uma das muitas do Ginásio Santana.

Certo dia o zelador fazia a faxina nas salas de aula quando encontrou um bilhete. Não sabemos se o papel foi levado ao diretor, porém ficamos sabendo o seu conteúdo.

O escrito era uma indagação curiosa e chula: “Foi você quem roeu a r... do rato que roeu a r... do rei da Rússia?”. Lulinha mostrava a mensagem sem-vergonha e, com muita moral ficava aguardando a nossa reação. “Foi você, Lulinha, quem roeu? E o bedel ia desamarrando a cara como quem estava bastante constrangido, mas não resistia e desatava estrondosa gargalhada. Isso contaminava a todos os grupos, pois além da brincadeira do escrito, tinha o riso desabrido do zelador. A anedota correu das paredes ginasianas e ganhou livremente às ruas no efeito dominó. Na escola, quando as autoridades docentes se aproximavam, Lulinha conseguia dominar o riso e novamente voltava à cara de inocente. Quem teria escrito a putaria? Talvez, com medo de uma suspensão de três, sete ou quinze dias como era costume, o autor da façanha permanecia anônimo.

Depois que o zelador deixou o estabelecimento, nunca mais tive notícia daquele cidadão gente boa. Sua esposa estava sempre esperando menino, pois Lulinha não cochilava nas horas das noites do poço do Juá. Sua casa foi invadida pelas águas da cheia de 1960 ou 1962, chegando quase à cumeeira.

Pois é, podemos esquecer as lições de inglês, do Latim e da matemática, mas é difícil não lembrar a risada de Lulinha ao ser indagado: “Foi você quem roeu a r... do rei da Rússia?

 

 

 

 


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